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[Archport] Fwd: Esclarecendo uma anterior intervenção.

Subject :   [Archport] Fwd: Esclarecendo uma anterior intervenção.
From :   Manuel Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>
Date :   Sat, 27 Jun 2009 22:34:23 +0100



---------- Forwarded message ----------
From: Manuel Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>
Date: 2009/6/27
Subject: Re: [Archport] Esclarecendo uma anterior intervenção.
To: Arqueohoje - Gestão Integrada do Património Cultural <gipc@arqueohoje.com>


Caro Paulo Monteiro.
 
Primeiro que tudo agradeço-lhe a sua chamada de atenção para Pedro Álvares Cabral, tem toda a razão, foi um lapso, estava a equacionar várias questões simultaneamente. Isso é óbvio.
Depois, pensei que de facto Belmonte era já cidade, mas é no caso irrelevante, se não é deveria ser e nem compreendo por que razão não é.
Passando à questão relevante que levanto, conheço a obra de Darcy Ribeiro, de muitos outros antropólogos brasileiros e de outras origens, acerca da matéria. E insisto na minha questão, os brasileiros não são um povo, são vários de várias proveniências e com suas próprias identidades, que se constituíram, num dado contexto histórico, numa Nação, através de uma solução mais ou menos federativa, os Estados Unidos do Brasil. Seja a construção do povo brasileiro é uma operação mental de representaão minimalista, que dilui múltiplas identidades. A Nação não presume nem pretende presumir o povo.
Darcy Ribeiro, que foi no Brasil um interveniente de referência no domínio do pensamento pedagógico, autor de propostas que infelizmente informaram só na teoria a última grande Reforma do Sistema Educativo em Portugal, trata do tópico construção do povo brasileiro como um objectivo a atingir através da intervenção sócio-cultural. Seja, como algo que não existia senão como formulação doutrinária com projecção no futuro e não no passado.
A minha intervenção era uma chamada de atenção para não cairmos em lugares comuns. Tenho a certeza de que, depois desta, compreenderá a minha intervenção, embora deva reconhecer que poderia ter sido menos agressiva.
Nada me move contra os promotores da iniciativa, pelo contrário, pretendi apenas alertar para que o retomar, sem a devida vigilância ideológica, de certos tópicos aparentemente apelativos podem comprometer uma iniciativa de mérito.
E aproveito para lhe sugerir que a denominação do Museu poderia ser simplesmente Pedro Álvares Cabral, muito mais apelativo para a, malogradamente, Vila, do que das Descobertas. Eu ainda hoje não sei quem descobriu quem. A antropologia e a história continuam a debater sobre este dilema, cada vez com maior acuidade.
 
Um abraço.
 
Manuel

2009/6/27 Arqueohoje - Gestão Integrada do Património Cultural <gipc@arqueohoje.com>

Caro Manuel de Castro Nunes

Face às suas intervenções sobre o Museu das Descobertas em Belmonte gostaria de o alertar para três coisas:

 

1º Vasco da Gama não nasceu em Belmonte. Tradicionalmente assume-se Belmonte como berço de Pedro Álvares Cabral.

2º Belmonte não é cidade, mas sim vila.

3º “A construção de um povo” é uma expressão do antropólogo, escritor e politico Darcy Ribeiro, que editou entre muitas obras “O Povo Brasileiro”, cuja leitura lhe recomendo.

Por isso concordo plenamente consigo quando diz, passo a citar “Começamos de facto, por ignorância ou outras contingências, a deambular por caminhos que não nos levam a lugar nenhum, senão ao descrédito”.

 

Atenciosamente

Paulo Monteiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de Manuel Castro Nunes
Enviada: sábado, 27 de Junho de 2009 20:05
Para: archport@ci.uc.pt
Assunto: [Archport] Esclarecendo uma anterior intervenção.

 

A minha anterior intervenção sobre o Museu das Descobertas em Belmonte, não de ve ser entendida, como é óbvio, como juízo sobre o mérito do valor e mérito da concepção técnica museológica, que, embora a possa avaliar apenas através do documento divulgado, me pareceu qualificada, bem estruturada, com recurso mesmo a dispositivos de grande eficácia apelativa. Nem ao facto de a Cidade de Belmonte entender promover-se em referência a um dos seus ilustre patrícios, Vasco da Gama, investindo numa iniciativa museológica centrada na temática, embora possa haver que alegue que outras temáticas poderiam ser tomadas para promover a apelativa dinâmica do património regional.

A minha intervenção pretende apenas chamar a atenção para o retomar de temáticas estruturadoras de oportunidade mais do que contestável. Espro que o compreendam. Até porque, de resto, pareceu-me haver abordagens temáticas monográficas excelentemente estruturadas.

E, se a oportunidade do tópico lusofonia pode ainda ser retomada, só o poderá ser após erradicarmos um discurso que o poderá derrubar. Os Estados Unidos da Saudade de António Ferro, era, no seu contexto, um discurso mais inovador. Talvez advenha desse facto o papel aglutinante que conseguiu congregar há cerca de setenta anos.

Não se entenda a minha intervenção como pretendo emiscuir-se na polémica do carrossel dos museus.

 

Manuel de Castro Nunes


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Manuel de Castro Nunes




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Manuel de Castro Nunes



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Manuel de Castro Nunes

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