O novo
Museu dos coches finalmente no bom caminho Ao
tomar conhecimento das deliberações da vereação da Câmara Municipal de Lisboa
relativamente ao projecto do novo Museu Nacional dos Coches, a Direcção da
Comissão Nacional Portuguesa do ICOM (Conselho Internacional dos Museus), ou
ICOM Portugal, regista com agrado a recusa de emissão de parecer favorável,
mesmo condicionado, e saúda especialmente a recomendação ao Governo para que
?pondere as objecções levantadas por técnicos, especialistas e responsáveis de
museus, quanto ao destino dos investimentos programados para as diversas
unidades museológicas envolvidas?, assim como a decisão de ?promover iniciativas
públicas de debate em torno das intervenções anunciadas na rede pública de
museus implantada na cidade de Lisboa, convidando os seus protagonistas e
agentes interessados, de forma a permitir o esclarecimento e participação dos
cidadãos?. Como
temos expressado nos últimos meses, é nossa firme convicção que o projecto de um
Novo Museu Nacional dos Coches não constitui prioridade museológica nacional,
podendo pelo contrário representar uma oportunidade perdida e um autêntico ?tiro
no pé? para o próprio Museu que assim se pretendia beneficiar, o qual precisa de
investimentos urgentes em restauro de colecções, incluindo as mais emblemáticas,
e justificaria uma ampliação de instalações, mas nunca a sua transferência para
outro local. Fica,
pois, aberta a via para que no próximo ciclo legislativo, depois do
aprofundamento desta questão com o debate público e a audição dos organismos da
sociedade civil e do próprio Estado que cumpre consultar (a começar pela Secção
de Museus e Conservação do Conselho Nacional de Cultura), se reconsidere toda a
problemática da construção de um novo Museu Nacional, ou a reinstalação de um já
existente, aproveitando para o efeito as verbas compensatórias do Casino de
Lisboa. A
área de Belém afigura-se constituir um excelente local para o efeito. Mas, tal
como resulta da mesa-redonda ?Museus de Belém ? Perspectivas de Futuro?, que
organizámos em 19 de Maio passado, contando com a presença de todos os
directores dos museus da zona, trata-se de um território muito sensível, que
deve ser objecto de um plano integrado e alargado às zonas adjacentes da Ajuda e
Alcântara. A
oportunidade que parecia perdida, renasce agora. Saibamos aproveitá-la, fazendo
dela um caso exemplar onde se recomenda que se ensaie finalmente uma reflexão
conjunta entre os poderes e interesses locais e nacionais, assim como entre o
Estado e a sociedade civil, conducente ao estabelecimento de um contrato social
de novo tipo, mais adulto e com maior visão de futuro. O
ICOM Portugal está disponível para assumir as suas responsabilidades no contexto
de um tal quadro contratual. Lisboa, em 8 de Julho de
2009 A Direcção do ICOM
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