[Archport] Fenícios viveram em Lagos há 2800 anos.
Fenícios viveram em Lagos há 2800 anos.
Portal da CML, 2009-7-27
Estudos geoarqueológicos recentemente levados a cabo na Rua da Barroca
comprovam a ocupação desta zona no séc. VIII /VII a.C. Foram na
passada Sexta-Feira, divulgados dados que alteram, por completo, o
conhecimento do passado histórico de Lagos. A descoberta de que a
História de Lagos é muito mais vasta do que se pensava até agora, pode
mudar o futuro em termos históricos.
Achados arqueológicos, na sua maioria cerâmicas, apresentados em
Conferência de Imprensa, vieram comprovar que a ocupação em Lagos,
por fenícios, será tão antiga como a fundação do 1º templo em Cartago,
remontando ao séc. VIII / VII a.C..
Estas descobertas, realizadas no âmbito de sondagens geoarqueológicas
levadas recentemente a cabo na Rua da Barroca, foram transmitidas no
passado dia 24, em primeira mão, pelo Prof. Doutor Oswaldo Arteaga
Matute, Professor Catedrático do Departamento de Pré-história e
Arqueologia da Universidade de Sevilha e Director Científico dos
trabalhos desenvolvidos e uma referência internacional nesta área.
Esta sondagem geoarqueológica consistiu em 28 perfurações, numa
extensão de 282 metros, com uma profundidade máxima de 9 metros e
envolveu apenas quatro técnicos.
Com esta técnica pioneira em Portugal, e utilizada pela primeira vez
em Lagos, é possível estudar os sedimentos depositados no subsolo sem
recorrer à escavação arqueológica convencional. Consiste em fazer uma
pequena perfuração no solo, através de sondas, extracção e estudo da
amostra.
Esta é, aliás, a aposta e o “método do futuro”, garantiu o Professor
Oswaldo Arteaga, tendo em conta que “é muito mais económico, mais
seguro, mais confortável, menos poluente (já que não existem
entulhos), implica redução no pessoal e disponibiliza uma grande
quantidade de informação”.
Para este estudioso, a geoarqueologia pretende “superar a arqueologia
urbana, mas sempre partindo dela”. “É preciso entender o passado, para
compreender e criticar o presente e podermos contribuir para os
conhecimentos do futuro”, afirmou.
O Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Júlio Barroso, lembrou que
estes trabalhos foram desenvolvidos “numa das mais simbólicas e
míticas ruas da nossa cidade, que conviveu directamente, durante
muitos anos, com a Ribeira de Bensafrim e o mundo”. Recordando que já
era certa a ocupação de Lagos por cartagineses, gregos e romanos, “o
facto de se ficar agora a saber que esta ocupação remonta ao séc. VIII
ou VII a.C., e por fenícios, é um marco importantíssimo na História de
Lagos”.
Uma certeza partilhada pelo Director Regional de Cultura do Algarve,
Gonçalo Couceiro, que adiantou ser “importante que haja progresso e
revitalização nas cidades, mas é fundamental que haja sempre lugar
para a arqueologia, que desenvolve trabalhos no sentido de poder
revelar dados muito significativos para a história do nosso passado”.
Adiantando que, hoje em dia, “a arqueologia continua a ser uma matéria
muito controversa”, sublinhou o “trabalho inovador que se desenvolveu,
pela primeira vez no país, aqui em Lagos, recorrendo-se à
geoarqueologia”.
Os custos destes trabalhos geoarqueológicos, representaram um
investimento na ordem dos 12 mil euros, que serão suportados pela
EL,SA, consórcio responsável pela construção dos Parques de
Estacionamento da Frente Ribeirinha e Parque da Cidade, área onde os
mesmos decorreram.
http://www.cm-lagos.pt/portal_autarquico/lagos/v_pt-PT/pagina_inicial/noticias/achados_arqueologicos_barroca_2009.htm