O
ministro da Cultura anunciou ontem a criação de uma sociedade anónima para
gerir o Parque e o novo Museu do Côa, que deverá integrar dez municípios,
quatro ministérios e um número indeterminado de privados. "Espero conseguir
consensualizar com as câmaras municipais que compõem a Associação de Municípios
do Vale do Côa, com os agentes económicos do vale do Côa e com os departamentos
do Estado envolvidos uma solução até final de Outubro", disse José António
Pinto Ribeiro, citado pela Lusa, após a visita ao museu, cuja inauguração,
previu, deverá ocorrer no início de Outubro, após as eleições legislativas.
O ministro, que terminou ontem uma deslocação de dois dias ao vale do
Côa, onde visitou alguns núcleos de gravuras e se inteirou do andamento dos
trabalhos no museu, começou por sugerir uma solução tripartida, que englobaria
os Ministérios da Cultura e do Ambiente e as dez autarquias da região. Mais
tarde acrescentou ao lote o Ministério da Economia, o que o obrigou a
redistribuir as quotas a atribuir a cada parceiro, que passariam a ser 30 por
cento para o Ministério da Cultura, outros 30 para o conjunto das autarquias e,
finalmente, 20 por cento para cada um dos outros dois ministérios.
Antes
de deixar o Côa, Pinto Ribeiro propôs, finalmente, uma terceira solução, esta
com uma arquitectura um pouco mais ampla: as autarquias e uma sociedade de
privados (que, naturalmente, ainda não existe) teriam, em conjunto, 50 por
cento das quotas, cabendo os restantes 50 por cento ao Estado, através dos
quatro ministérios que o titular da Cultura gostaria de envolver no projecto e
que, segundo afirmou, estão "dispostos a isso".
O ministro insistiu
também que a gestão executiva deveria caber, sobretudo, aos agentes locais.
"Isto é vosso, e se não for feito por vocês, e apropriado pelas pessoas daqui,
não será nada", sublinhou.
O prazo que o governante prevê para a
constituição formal da futura sociedade de gestão do museu e do vale do Côa é
de seis meses. Ou seja, na próxima legislatura. Durante esse período, o
ministro admite "uma solução puramente provisória, para permitir a abertura do
museu".
A actual responsável do Parque do Côa, a arqueóloga Alexandra
Cerveira Lima, não comentou em detalhe as novas perspectivas que se abrem para
a instituição que dirige, mas destacou "o papel central que uma estrutura como
o Museu do Côa , desde que dotada de uma equipa sólida e de uma programação
criativa, poderá desempenhar na dinamização da região e na internacionalização
da arte do Côa, fazendo jus ao seu valor patrimonial e científico de dimensão
mundial".