[Archport] II Guerra Mundial

[Pedro Albuquerque <skapedroalbuquerque@gmail.com>]

Car@s Archportian@s...

É com algum constrangimento que me dirijo à comunidade, em forma de comentário a um e-mail enviado pelo Dr. Vasco Mantas. Não deixo de ficar sensibilizado com o conteúdo, mas não deixa de me invadir um sentimento dúbio.

Dúbio porque, em primeiro lugar, também gostaria de me juntar a essa homenagem dirigida aos arqueólogos e professores que perderam a vida neste conflito e lamentar as perdas. Creio, contudo, que é insuficiente, dada a dimensão do episódio – de que tod@s nós somos herdeir@s – limitarmo-nos a uma percentagem mínima em relação aos milhões de pessoas que morreram pelos caprichos do III Reich. Judeus, Homossexuais, soldados, etc.

Parece-me, igualmente, que ainda há um certo receio ou mal-estar em relação a discutir este episódio – e aí honro a iniciativa do autor – e que devemos, acima de tudo, pensar como não podemos desligar-nos do mundo em que vivemos, circunscrevendo-nos apenas a uma pequena parcela da Sociedade, que, hoje, ainda tem muito que caminhar para alcançar o reconhecimento da sua importância.

Por outro lado, é importante assinalar que as exclusões implícitas deste pensamento "politicamente correcto" parecem ir de encontro a algo que verifico, muitas vezes, neste fórum e em outros aspectos da nossa convivência social: o tabu em relação à «Política». Isto leva, muitas vezes – e este parece ser um desses casos – a esquecer ou a deixar de lado as nossas convicções e ocultar, nos discursos, opiniões que também seria importante partilhar… se devemos criticar as lágrimas de crocodilo? Sim, devemos. Se devemos criticar a formação de uma metade colónia e de uma metade protectorado? Também.

Mas não devemos, em tempo e modo algum, esquecer que muitas vidas se perderam neste conflito e muitos foram os esforços para reconstruir a razia que o mundo sofreu durante os anos da II Guerra Mundial. A História – da qual a Arqueologia é uma parte importante – também serve para aprendermos com os erros.

Manter vivas estas memórias é importante para que não voltemos a cair nos mesmos erros do Passado e para que não esqueçamos de todas e todos que morreram para que hoje pudéssemos caminhar mais livremente no sentido da liberdade de expressão. Inclusive – para @s abstencionistas convict@s – para que hoje pudéssemos deixar uma cruzinha num boletim de voto. E, mais ainda, para que possamos olhar para trás  e ver todas as atrocidades que se cometeram – e que ainda se cometem – contra a igualdade feminina, o direito de viver, tranquilamente, uma opção sexual, e contra @s pessoas que querem perseguir o sonho de uma vida melhor na Europa. E ver se, no entretanto, fomos ganhando ou perdendo direitos fundamentais da condição humana…

Por isso, gostaria de expressar aqui uma opinião muito pessoal relativamente a esta questão. De facto, não retiro uma vírgula à homenagem do Dr. Vasco Mantas. Acrescento, porém, que uma vida humana deve ser, também ela, um Património da Humanidade. Espero que assim tenha explicado a razão da minha consternação perante algumas exclusões no discurso que agora comento.

Finalmente, peço desculpa a tod@s @s archportian@s que receberam e leram esta mensagem. Tenho noção que este fórum não é um blog, mas antes uma via de divulgação científica que, quando bem utilizada, é de extrema utilidade.