Universidade e Igreja tentam convencer o Estado a recuperar castro em Braga
Público, 17/09/09, por Samuel Silva
Projecto custaria entre 400 e 500 mil euros. Ideia é escavar e tornar visitáveis os achados, criando ainda um parque de lazer
A Unidade de
Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) e a paróquia de Esporões querem que
o Estado se envolva no projecto de recuperação da Estação Arqueológica de Santa
Marta das Cortiças, em Braga. A ideia é reabilitar uma extensa área
classificada desde os anos 50 onde existem vestígios que remontam à Idade do
Bronze.
Os arqueólogos da UM desenvolveram, ao longo do último ano, um plano de
recuperação do sítio arqueológico que pretende tornar o local visitável. "O
objectivo é valorizar a importância histórica e cultural do sítio",
explica Luís Fontes, coordenador do estudo. Aquele responsável antecipa, no
entanto, um longo caminho até à concretização do projecto. "É necessário
um esforço de mobilização de diversas entidades, a começar pelo Estado",
alerta. "Sem esse apoio, torna-se impossível concretizar um projecto que
não é apenas interessante para a paróquia, mas para a cidade e o país",
acrescenta o pároco de Esporões, João Torres.
Segundo as estimativas orçamentais feitas pela UAUM, o projecto global para
recuperação do monte de Santa Marta custaria entre 400 e 500 mil euros. O
estudo já foi apresentado ao Ministério da Cultura, através da Direcção
Regional de Cultura do Norte, que o classificou como "interessante" e
"adequado" ao sítio. No entanto, os primeiros contactos permitiram
antecipar dificuldades para encontrar o financiamento necessário junto da
tutela.
Igreja e universidade estão, por isso, concentradas na tentativa de
sensibilização do Ministério da Cultura para a importância do local onde estão
identificados, entre outros achados, os alicerces de uma basílica paleocristã e
de um palácio que alguns investigadores acreditam ter sido uma residência dos
reis suevos.
Outro dos parceiros necessários à recuperação do monte de Santa Marta é a
Câmara de Braga, que já demonstrou interesse em associar-se à iniciativa,
admitindo vir a apresentar uma candidatura a fundos comunitários que permitam
financiar a obra. A paróquia de Esporões já entrou também em conversações com
os proprietários de alguns dos terrenos, encontrando receptividade para
cedências de algumas parcelas.
O eixo fundamental do projecto passa pela valorização do património existente. Uma
vasta área, desde o Hotel da Falperra à Capela de Santa Marta, tem
classificação de interesse público desde os anos 50, mas o espólio arqueológico
identificado permanece debaixo de terra. A UAUM propõe que se realizem
escavações em diversos pontos do monte de San-
ta Marta. Estes locais devem depois tornar-se visitáveis. No local, a
universidade entende que deve ser criado um centro interpretativo que dê a
conhecer aos visitantes as várias ocupações que o monte teve ao longo de vários
séculos.
As escavações realizadas ao longo das últimas décadas permitiram descobrir
vestígios de muralhas suevas e de um castro da proto-história. As últimas
sondagens feitas no local demonstram, aliás, que a ocupação do monte remonta à
Idade do Bronze final, entre os séculos XI e VIII a.C. Segundo alguns autores,
terá sido no monte de Santa Marta que o povo bracari viveu, antes da chegada
dos romanos à região.
O plano desenhado pela universidade inclui também a criação de um parque de
lazer, que aproveite a envolvente natural e a localização privilegiada do monte
sobre a cidade de Braga, com uma vista que se estende até à foz do Cávado e à
vizinha cidade de Guimarães.
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