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[Archport] DEBATE COM PARTIDOS - ARQUEOLOGIA E PATRIMONIO CULTURAL

To :   archport <archport@ci.uc.pt>, Museum <Museum@ci.uc.pt>, archport-request <archport-request@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] DEBATE COM PARTIDOS - ARQUEOLOGIA E PATRIMONIO CULTURAL
From :   jarnaud@sapo.pt
Date :   Tue, 22 Sep 2009 18:35:39 +0100


CAROS COLEGAS E AMIGOS

AQUI VAI UM BREVE RESUMO DO DEBATE SOBRE A ARQUEOLOGIA E O PATRIMÓNIO CULTURAL ORGANIZADO PELA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES E QUE TEVE LUGAR NO PASSADO DIA 17 DE SETEMBRO DE 2009 NO MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO, LISBOA.

PARA UMA INFORMAÇÃO MAIS CIRCUNSTANCIADA, PODEM CONSULTAR O BLOGUE DA AAP, "A TRIBUNA DO CARMO"

( atribunadocarmo.wordpress.com).

A 27 de Setembro o país votará o seu destino para os próximos quatro anos. As políticas culturais, nomeadamente a gestão do Património Cultural, são assuntos prementes e por isso a Associação dos Arqueólogos Portugueses decidiu organizar o único debate público na área. As políticas para a Cultura e o Património Cultural têm suscitado grande discussão nos últimos anos. Os casos da criação do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR, IP) com a reorganização institucional, o novo Museu dos Coches ou a construção do Museu no vale do Côa são alguns dos casos que recentemente alcançaram notoriedade pública. O espaço histórico e quase mítico das Ruínas do Carmo, no Museu Arqueológico do Carmo em Lisboa, foi o cenário escolhido para um debate que conta com a presença dos vários partidos com representação parlamentar.
Os temas propostos para discussão foram os seguintes:
O Património Cultural e a Arqueologia como recurso estratégico e factor de desenvolvimento sustentável; O enquadramento legal e institucional da gestão pública do Património Cultural e da Arqueologia; A promoção da investigação científica na área do Património Cultural e da Arqueologia;
O exercício da profissão de Arqueólogo no sector público e privado.
Os representantes dos partidos foram: Cláudio Torres, em representação do Bloco de Esquerda, Diogo Henriques, chefe de gabinete da Presidência do CDS/PP; João Oliveira, deputado à Assembleia da República, cabeça de lista no círculo de Évora pelo PCP; Francisco Madeira Lopes, deputado à Assembleia da República, candidato do PEV pelo círculo de Lisboa; Zita Seabra, deputada à Assembleia da República, candidata no círculo de Lisboa pelo PSD e João Pedro Cunha Ribeiro, Subdirector do IGESPAR, e militante pelo Partido Socialista. O Debate centrou-se na discussão das actuação do Governo cessante no domínio da Arqueologia e do Património Cultural, a qual suscitou a crítica unânime de todos os presentes, com a natural excepção do representante do Partido Socialista. Este, procurou, com efeito, sem grande sucesso, rebater essas críticas, recorrendo aos argumentos da difícil situação económica resultante do anterior governo do PSD e da recente crise mundial para justificar a não realização integral dos objectivos propostos, sem, no entanto, admitir qualquer erro, e insistindo em que o objectivo da política do Governo, em matéria arqueológica, que era por a arqueologia ao serviço das populações e não dos arqueólogos. Esta posição suscitou a natural reacção dos inúmeros arqueólogos presentes, que a consideraram demagógica e populista, tendo sido reafirmado que sítios como o Vale do Côa, classificados como Património da Humanidade, não poderiam ser apenas utilizados em benefício imediato das populações locais, mas sim preservados para as futuras gerações, de modo a poderem ser usufruídos por toda a Humanidade, e que o Estado português tinha assumido a nível internacional a responsabilidade pela sua protecção. A tónica geral das intervenções dos representantes dos partidos da oposição, com ligeiras nuances, mas revelando uma considerável unanimidade entre os extremos do leque partidário, foi no sentido de se considerar o património cultural como um factor essencial de afirmação da identidade do país, por cuja preservação o Estado é o principal responsável, e não como um mero recurso económico, utilizável para resolver problemas imediatos de equilíbrio orçamental, nunca devendo ser alienado, mas antes valorizado de forma sustentável, para poder ser usufruído por todos os interessados, e legado às gerações futuras. A falta de diálogo do Governo com os agentes culturais e as associações do sector, prática aliás comum a muitas outras área da governação, como a justiça, a saúde, e a educação, foi também fortemente criticada, dela tendo resultado um conjunto de medidas consideradas erradas, chegando-se ao ponto de destruir o que anteriores governos socialistas criaram, como foi o caso do Instituto Português de Arqueologia e das carreiras de arqueologia na função pública, sem nunca terem chegado a cumprir promessas constantes do programa do governo cessante, como foi o caso da regulamentação da Lei do Património, sucessivamente anunciada, mas nunca concretizada, da reinstalação do Museu Nacional de Arqueologia (que aliás pretendem desalojar do local onde se encontra há mais de um século), da inauguração do Museu do Côa (concluído mas não inaugurado, por indefinição do respectivo modelo de gestão), e da manutenção da situação de precariedade da maior parte dos técnicos da área patrimonial, não lhes permitindo o exercício das suas funções com a necessária estabilidade e independência técnica, etc. Em conclusão, foi feito um apelo generalizado ao Governo que sair das próximas eleições legislativas, qualquer que ele seja, no sentido de ouvir os agentes e parceiros culturais,e os próprios órgãos consultivos do Ministério da Cultura, como o Conselho Nacional de Cultura, que nunca chegou a reunir, a fim de poder definir uma política coerente, susceptível de mobilizar todas as forças políticas na defesa e valorização de um património que a todos pertence, e que por todos deve ser protegido, embora caiba constitucionalmente ao Estado um papel inalienável neste domínio, cumprindo-lhe gerir os escassos recursos existentes, os quais deverão atingir tendencialmente 1% do PIB.

O Presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses

(José Morais Arnaud)

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