[Archport] CONVITE À COMUNIDADE ARQUEOLÓGICA

[jarnaud@sapo.pt]

Não deixa de ser interessante notar que o jornal "Publico", que  não  
manifestou qualquer interesse pelo único debate interpartidário até  
agora realizado na área de Cultura e do Património, se tenha apressado  
a dar voz ao director do IGESPAR para rebater as críticas que foram  
feitas à actuação desse Instituto nesse mesmo debate, o que demonstra  
que, pelo menos a assessoria de imprensa, funciona na perfeição !

As declarações de Summavielle em relação ao Museu do Côa, são muito  
significativas da sua concepção de património, não como um factor de  
identitário e de cidadania, mas como um recurso material como qualquer  
outro, susceptível de ser gerido  por "uma fundação ou uma sociedade  
empresarial com o Estado como principal accionista", e, se possível,  
de gerar, tal como o património arqueológico "um volume de negócios  
bastante considerável". Nada mal, para quem se afirma, não um  
neoliberal do agora tão silencioso "Compromisso Portugal", mas sim  um  
"socialista, laico e republicano" !

Summavielle tem de facto razão, quando afirma que " a actividade  
arqueológica aumentou muito nos últimos três anos" , existindo "um  
volume de negócios  bastante considerável "(sic), mas tal não se deve  
aos méritos da direcção do IGESPAR, mas sim ao trabalho desenvolvido  
pelo IPA, desde 1996, ao criar instrumentos legais específicos sobre  
essa matéria, bem como uma estrutura de fiscalização, a divisão de  
arqueologia preventiva e as famosas extensões regionais, que hoje só  
se mantêm no terreno a muito custo, com as mesmas viaturas de há 13  
anos, e graças ao empenhamento pessoal dos técnicos que ainda resistem  
ao regime de precariedade em que sempre trabalharam.

Quanto às afirmações de Summavielle, que considera as críticas dos  
arqueólogos à política para a arqueologia desenvolvida pelo IGESPAR  
como "situações de contestação perfeitamente localizadas, que vêm do  
ex- Instituto Português de Arqueologia", desafio todos os arqueólogos  
do país que não pertenceram ao extinto IPA que  manifestem a sua  
opinião sobre este assunto, através do archport, do blogue da  
Associação dos Arqueólogos Portugueses, " A Tribuna do Carmo", ou da  
forma que melhor entenderem, demonstrando assim que estamos num país  
livre, e que, tal como os seus colegas do ex-IPA, não têm medo de  
represálias por parte dos poderes constituídos !

José Morais Arnaud