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[Archport] PATRIMÓNIO DO CÔA EM RISCO

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Subject :   [Archport] PATRIMÓNIO DO CÔA EM RISCO
From :   jarnaud@sapo.pt
Date :   Sun, 27 Sep 2009 09:32:40 +0100

"PUBLICO"  27 De Setembro de 2009

Património do Côa "posto em risco", alertam arqueólogos
Por Alexandra Prado Coelho

O sector critica hipótese de abrir espaço à arte contemporânea, como sugeriu o director do Igespar

"O Partido Socialista, que em 1996 salvou o património do Côa [as gravuras rupestres], está agora a pô-lo em risco." O alerta parte de José Morais Arnaut, presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), numa reacção às declarações do director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar). Em entrevista ao PÚBLICO no dia 23, Elísio Summavielle defendeu que o Museu do Côa, cuja inauguração está prevista para breve, deve abrir-se também à arte contemporânea.

"Isso é uma perversão completa do que deve ser a missão principal daquele museu, que é a de estudar e divulgar um património que é da Humanidade", diz Morais Arnaud.

Se há 15 anos se tomou a decisão de não construir a barragem e de salvar as gravuras, o que tornou Portugal "o centro da arte rupestre a nível mundial", o presidente da AAP não compreende por que é que depois não se apostou seriamente no Côa, criando um "núcleo de investigação científica" e fazendo do museu o "motor da divulgação do património".

Maria Ramalho, arqueóloga e técnica do Igespar, num texto divulgado na sequência da entrevista de Summavielle, lembra que "este assunto [o Côa] foi importante para um outro Governo do mesmo partido, a milhares de anos-luz da situação presente". E critica "as intenções expressas pelo [actual] Governo de reduzir o património apenas ao seu valor económico" - numa referência às propostas do Ministério da Cultura para um modelo de gestão do Museu do Côa com o Estado e privados.

A preocupação é partilhada por Maria José de Almeida, que preside à Associação Profissional de Arqueólogos (APA): "Estamos muito preocupados com alguns sinais de que o Estado possa estar a descartar a responsabilidade [sobre a gestão do Côa] para as instituições locais". Este é um património "não apenas local ou regional, mas mundial", e por isso tem que haver "uma regulação" estatal.

Os arqueólogos mostram-se também indignados com as afirmações do director do Igespar, segundo as quais a contestação à política do Governo para a Arqueologia seria "localizada". "Isso é uma prova clara de que [Summavielle] não conhece a realidade", diz Luís Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia, garantindo que "a contestação é generalizada".

Maria José de Almeida lamenta que o Governo não tenha querido ouvir os arqueólogos. "Há um descontentamento por não sermos vistos como parte da solução". Morais Arnaut explica que o desinvestimento na Arqueologia começou com o plano de reestruturação da administração pública (Prace) e a extinção do Instituto do Português de Arqueologia, que "era uma estrutura leve e flexível e foi integrado [no Igespar] numa estrutura com um peso burocrático muito maior". O resultado é a sobreposição de competências entre as direcções regionais de Cultura e o Igespar, a "falta de meios", e, ao mesmo tempo, "duplicações inaceitáveis, com esbanjamento de recursos".

Quanto à construção do novo Museu dos Coches, em Belém (que implica a saída do local de serviços de Arqueologia que vão para a Cordoaria Nacional), Luís Raposo diz que Summavielle "reconheceu o óbvio: que o processo está parado". "A questão de fundo mantém-se - avisa -, e é um problema bicudo para o próximo Governo resolver."
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