O
ARQUEÓLOGO PORTUGUÊS Conforme noticiado
oportunamente, o nº 26 (2008), da 4ª série, da revista O Arqueólogo
Português, volume especial comemorativo do 150º
aniversário do nascimento de O volume ora lançado,
insere no interior da capa dura um DVD com toda a colecção de O Arqueólogo
Português, desde O índice de artigos, em
anexo, inclui um conjunto de apontamentos inéditos de Na ocasião o Dr. NO LANÇAMENTO D’O
ARQUEÓLOGO PORTUGUÊS COMEMORATIVO DOS 150 ANOS DE De acordo com a
sabença do nosso povo, para vencer a morte são necessárias três coisas:
escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Da
frágil planta lançada à terra em 1895 pouco a pouco agigantaram-se os troncos e
floresceram já 70 frondosas ramagens carregadas de amadurecidos e suculentos
frutos, que tantos foram até agora os números publicados deste prestigiado
órgão científico. E sem dúvida que Leite
de Vasconcellos continua vivo e entre nós. Amiúde ele é recordado em muitas das
centenas de páginas do volume hoje lançado a público, não só nos artigos
biográficos, mas – o que é mais significativo – também nas
contribuições propriamente científicas. Por certo que muito se avançou no
conhecimento das matérias cultivadas pelo Mestre, mas esse mesmo avanço só foi
possível com a sua obra e com a instituição museológica e científica que nos
legou – e também igualmente com o seu exemplo, probo e estimulante. Por
tudo isto Leite de Vasconcellos é ainda hoje uma referência incontornável por
parte de todos quantos estimam e cultivam os estudos históricos, antropológicos
e filológicos de génese lusitana [e expressamo-nos aqui, simbolicamente, de
acordo com o pensamento daquele que hoje homenageamos…]. Mas Leite de
Vasconcellos é também uma referência incontornável para todos quantos amam a
liberdade de pensamento e de acção; e, esse legado, é porventura ainda mais precioso
do que o primeiro. Hoje, no meio das
tempestades provocadas pela ignorância promovida a poder e pela disseminada
arrogante auto-satisfação de ser ignorante, as árvores de ciência, como as que
Leite de Vasconcellos plantou, acarinhou e fez crescer, enfrentam uma horda
– e até algumas perversas ordens… – de acéfalos lenhadores.
¿Ou tratar-se-á antes, numa época de fanatismos e de fundamentalismos como a
nossa, de erradicar certas árvores “da Ciência, do Bem e do Mal”, aludida
causa de insubordinação perante os dogmas e tudo aquilo que o Poder estabelece
como conveniente? Não há dúvida que uma
sociedade complacente e resignada pode ser levada a julgar viver na redoma de
um eterno paraíso; mas, mais cedo ou mais tarde, estiolará também nos abismos
do incomensurável aborrecimento e da estagnação. À Vida faz falta a Diferença,
a discussão de concepções, a pluralidade de ideias e de ideais. É nessa
dialéctica, sistematizada e elevada a altos níveis pelo inconformável mestre de
Platão – (sempre os gregos como paradigma…) –, é nessa
dialéctica, dizíamos, que a alavanca do sonho se pode tornar realidade. E, nas
palavras de um cientista que também foi poeta, é afinal «o sonho que comanda a
vida»… Poesis e Scientia não são antagónicas, mas apenas
duas das muitas faces da Sofía.
Tal como não há ciências de primeira e outras de segunda, mas apenas
Conhecimento. E a Arqueologia, a Filosofia, a História, a Filologia fazem
afinal parte intrínseca do legado cultural europeu, a par de todas as outras
ciências entre nós consideradas mais, ou menos, úteis… ¿Recusará Portugal,
nos alvores do século XXI, a sua europeidade para lá das aparentes
conveniências e dos apetecíveis subsídios? Esperemos bem que não! No que a nós
diz respeito, arqueólogos e historiadores, muito depende da nossa coragem e da
coerência das nossas ideias e da nossa prática nas universidades, nos museus ou
noutras sedes de investigação, e mesmo nas empresas de arqueologia ou nos
serviços públicos estatais ou autárquicos. Hoje, agora e aqui – na “Torre
Oca” da ala ocidental do Mosteiro dos Jerónimos –, ao evocar o
Mestre-fundador, estamos também a tomar uma posição. E a recordar aos
incrédulos e desatentos que, em cada um dos inumeráveis campos do Saber, é
sobretudo graças a homens como
Lisboa,
22 de Setembro de 2009 |
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