Boas noites a todos os subscritores do archport, O país elviniza-se de facto, mas há quanto tempo? Acho curioso que neste como noutros fora de natureza cibernética ou não, a oportunidade destes desabafos e destes exercícios de memória seja a que é. De facto, em poucos meses tivemos 3 actos eleitorais em que fomos inundados pela comunicação social de fait divers. Estiveram em campo as propostas, ou a falta delas, das diferentes forças políticas para a área da cultura, do património e da sua gestão e preservação, quer ao nível das opções nacionais quer locais. Neste fórum, nem uma linha. Talvez porque se alguém tivesse tomado essa iniciativa, suscitaria apenas a reacção dos que insanamente afirmam que nos devemos cingir às questões da arqueologia e do património, que as políticas e os ismos não são para aqui chamados. Já dizia Abel Salazar que um médico que só de medicina sabe, nem de medicina sabe... O estado a que chegámos em termos de gestão, divulgação e preservação do património tem responsáveis. Que provavelmente irão reincidir nos mesmos cargos. Quem assume os cargos tem que ser responsabilizado pelas opções que toma, mesmo quando não toma opção nenhuma, gerindo por inação e omissão. O património, nomeadamente o arqueológico, é um bem não renovável e finito. A falta de discussão clara e honesta, sem preconceitos de chamar à liça a política, as políticas e quem as defende e assume (boas ou más) não responsabiliza ninguém. Pessoalmente, considero que a gestão levada a cabo pelo anterior governo, foi totalmente desastrosa. E essa gestão tem nomes, o Dr. Summavielle e o Dr. João Pedro Ribeiro, como membros de um elenco de nomeação política são co-responsáveis pelo estado de todo o sector, ao serem os executantes da formalização de uma devastação institucional cujas consequências negativas ainda estão para se conhecer na sua totalidade. Mas, infelizmente, não tenho dúvidas que a comunidade arqueológica não tardará a aceitar no seu seio tão proeminentes figuras, deixando as confrontações para as conversas em surdina nas mesas de café, para os discretos desabafos nos intervalos das conferências. De entre nós, quantos Elvinos? Saudações Arqueológicas, André Gregório From: 3raposos@sapo.pt To: Archport@ci.uc.pt Date: Wed, 28 Oct 2009 19:27:50 +0000 Subject: Re: [Archport] Leite de Vasconcelos actual Pois que o Francisco Sande Lemos toca num ponto que me é muito sensível, usando a edição de um inédito do Doutor Leite de Vasconcelos incluído no último volume de "O Arqueólogo Português", penso ser oportuno transcrever o final da apresentação que aí faço:
"...bem-haja, Mestre Leite, por tudo o que nos legou e especialmente pelo exemplo de vida esforçada e proba que deixou a todas as gerações que se lhe sucederam e continuam a ter pela Terra e pelas Gentes o mesmo amor gentio e santo que fez a causa da sua vida. Não foram passados em vão os “14 annos de luta, ralações e trabalho” por que passou na construção da sua obra física mais perene, que é o actual Museu Nacional de Arqueologia, e de que nos deu sumariamente conta nos discretos apontamentos que escreveu um dia para ficarem em sua casa – e que agora damos a conhecer a todos os seus admiradores. Por muitas que sejam as vicissitudes dos tempos, por muitos que sejam os agravos que tenhamos de sofrer desses pequenos e incultos detentores de parcelas do poder que também a si o fizerem esperar horas e dias a fio à porta de repartições e ministérios, o seu exemplo redivive em cada nova demanda e impele-nos a não desistir. Bem-haja, pois."
O País elviniza-se, de facto. Mas importa que seja sem a cumplicidade que quem não se chama Elvino.
Luís Raposo
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