Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia
(SPAE) Instituto de Etnomusicologia: Centro de Estudos em Música e Dança. Universidade Nova de Lisboa SEMINÁRIO DE ETNOMUSICOLOGIA Museu Nacional Soares dos Reis Porto, 7 de Novembro de 2009 A Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (SPAE) e o Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com o Museu Nacional Soares dos Reis, vai organizar no Sábado 7 de Novembro de 2009, um Seminário de Etnomusicologia, seguido de uma Conferência da Prof.ª Salwa Castelo Branco, presidente do referido Instituto, intitulada: “Etnomusicologia: percurso histórico e tendências actuais”. O Seminário decorrerá no Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, e terá um número limitado de participantes (30), sendo obrigatória a respectiva inscrição prévia para antonio.huet@gmail.com, o mais urgentemente possível. Programa 10h00 – Recepção dos participantes 10h30 – 13h00 – Seminário de Etnomusicologia Maria do Rosário Pestana "A Comissão de Etnografia e História do Douro Litoral: etnografia, museologia e performance musical na construção do Douro Litoral" Susana Sardo "Situar as Memórias - Novas formas de encontro com a tradição no quadro dos Ranchos Folclóricos em Portugal" Maria de São José Corte-Real "Música e Educação numa Perspectiva Etnomusicológica" João Soeiro de Carvalho "A experiência transcultural na música: Relatividade e Alteridade" Jorge Castro Ribeiro "Batuku sta na moda: dinâmicas transnacionais da música cabo-verdiana" 13h00 – 14h30 – Interrupção para almoço. 14h30 – 16h00 – Seminário de Etnomusicologia: Debate e Conclusões. 16h00- 16h30 – Pausa Café 16h30 – 18h00 – Conferência seguida de Debate. Aberta ao público. Salwa Castelo-Branco “Etnomusicologia: percurso histórico e tendências actuais” 18h00 -18h30 – Porto de Honra. Momento musical. Encerramento. _____________________________________________________ Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (SPAE) Instituto de Etnomusicologia: Centro de Estudos em Música e Dança Universidade Nova de Lisboa SEMINÁRIO DE ETNOMUSICOLOGIA Museu Nacional Soares dos Reis Porto, 7 de Novembro de 2009 ۩ ۩ ۩ ۩ ۩ F I C H A de I N S C R I Ç A O Nome: _________________________________________________________ Profissão: _____________________________________________________ Instituição: ____________________________________________________ Contacto(s): ___________________________________________________ E-mail: _________________________________________________________ _________________________ Resumos da Comunicações "A Comissão de Etnografia e História do Douro Litoral: etnografia, museologia e performance musical na construção do Douro Litoral". Maria do Rosário Pestana INET-MD - Universidade de Aveiro A Comissão de Etnografia e História do Douro Litoral foi um órgão da Junta de Província do Douro Litoral em actividade entre 1937 e 1959. Apesar do âmbito regional desta instituição, a Comissão desenvolveu uma actividade singular no panorama nacional no que se refere ao levantamento etnográfico e histórico-arqueológico da província e à sua imediata divulgação através de um boletim e de uma linha editorial criados para esse efeito, fundou um museu, um arquivo e patrocinou um rancho folclórico e um coro feminino. Essa actividade foi, num primeiro plano, uma resposta à estratégia política de divisão do território nacional e de criação de órgãos diferenciados (e não diferenciadores) implementada pelo Estado. Numa região cujas fronteiras não eram coincidentes com áreas geográficas e humanas prévias, que, nas palavras de um dos seus mentores ‘não o era’, esperar-se-ia a participação na composição de um cenário nacional, num processo de objectificação cultural de âmbito nacional, tal como estava previsto no articulado da Lei. Todavia, a Comissão conseguiu criar um espaço de autonomia e promover formas diferenciadas de pensar e exprimir o seu património. O Douro Litoral, uma realidade inventada e contingente, foi a base territorial da construção de uma identidade provincial efectivada na leitura dos textos, na vivência do percurso expositivo museológico ou na participação em performances musicais. Nesta comunicação, tendo presente estudos actuais em torno de processos de construção de identidades e de reconfiguração da sociedade através da performance musical, irei debater as seguintes questões: Quem foram os agentes desse processo? Porquê e como foi implementado? Que legado foi constituído? Irei também discutir o interesse do estudo articulado de práticas etnográficas, editoriais, museológicas e musicais, na crítica ao paradigma essencialista que sustentou a construção de narrativas históricas lineares e legitimou a vivência, ainda que imaginária, de identidades de base territorial. "Situar as Memórias Novas formas de encontro com a tradição no quadro dos RF em Portugal" Susana Sardo INET-MD - Universidade de Aveiro O último quartel do século XIX constitui a referência central para a construção do repertório que a grande maioria dos agrupamentos folclóricos em Portugal procura representar. A escolha deste período prende-se com diversos factores mas sobretudo com a consciência segundo a qual os testemunhos orais destas tradições, guardiães da memória, estariam acessíveis na altura de formação dos próprios agrupamentos. Recuar no tempo em termos de recolha de tradição seria tão possível quanto mais idosos fossem os testemunhos orais disponíveis. Durante todo o século XX, a construção do repertório dos agrupamentos folclóricos foi constituída basicamente através da recolha junto de elementos que não faziam parte dos grupos. A consciência de que não só o modelo de apresentação pública do folclore se está a esgotar mas também que essas memórias se situam agora numa espécie de “quarta mão”, sendo a maioria dos elementos dos grupos folclóricos hoje constituídos por jovens com referentes musicais muito diferentes daqueles que representam, os dirigentes dos grupos tentam procurar novas formas de situar a tradição recriando-a em contextos internos levando os mais novos a passar pela experiência de vivência quase em regime de “internato” folclórico. Esta comunicação constitui um momento de reflexão sobre este novo processo a partir de um exemplo vivido em 2005 na região das Terras de Santa Maria. " Música e Educação numa Perspectiva Etnomusicológica" Maria de São José Corte-Real INET-MD - Universidade Nova de Lisboa Num momento de reorganização especial do sistema educativo em Portugal, como na Europa e no mundo, sublinho a pertinência da perspectiva etnomusicológica na relação entre a música e a educação. Partindo da observação do que considero ser Etnomusicologia, e tendo em conta tendências recentes das teorias do conhecimento e da comunicação, aponto linhas nas quais a perspectiva etnomusicológica pode beneficiar extraordinariamente a relação entre a música e a educação tanto no ensino genérico como no ensino especializado da música. Ilustrando a minha participação na construção desta perspectiva darei conta de alguns aspectos da minha investigação e acção recentes neste domínio. " A experiência transcultural na música: Relatividade e Alteridade" João Soeiro de Carvalho INET- MD- Universidade Nova de Lisboa A consciência da alteridade, ideia fundamental no processo operativo da Etnomusicologia, deu-se quando indivíduos de diferentes grupos humanos tiveram a oportunidade de experimentar realidades sónicas provenientes de outros grupos. Este processo desenvolveu-se com as viagens, com as invenções tecnológicas, e sofreu uma enorme aceleração ao longo do séc. XX. Nesta comunicação, o autor apresenta e comenta alguns factos fundamentais no processo da tomada de consciência da alteridade musical, e reflecte sobre a sua importância para a disciplina da Etnomusicologia – numa perspectiva diacrónica. "Batuku sta na moda: dinâmicas transnacionais da música cabo-verdiana" Jorge Castro Ribeiro INET-MD - Universidade de Aveiro A publicação com enorme sucesso do cd Miss Perfumado (1992) da cantora cabo-verdiana Cesária Évora marcou definitivamente a entrada da música cabo-verdiana no circuito internacional da chamada world music. Depois desta cantora outros artistas entraram em cena, como Tito Paris, Mayra Andrade ou Lura, consolidando a música cabo-verdiana como uma realidade incontornável a nível global. Na verdade, muito antes desse sucesso, já a música popular cabo-verdiana era uma realidade transnacional de forte impacte, no âmbito da rede das comunidades emigradas da diáspora cabo-verdiana. Uma rede estruturada em músicos e repertórios que circulavam internacionalmente definindo um dos mais significativos elementos da identidade cabo-verdiana. Esse sucesso internacional, contudo, apenas veio conferir novas dinâmicas à produção e consumo da música cabo-verdiana, promovendo não só o seu reforço tanto a nível nacional e internacional, como também proporcionando novos desenvolvimentos dos vários géneros musicais. De certa maneira a divulgação internacional da música cabo-verdiana catalizou o interesse pela cultura do país e contribuiu decisivamente para o incremento do turismo, com consequências na economia cabo-verdiana. Por essa razão a música tornou-se numa realidade de valor acrescentado para o país, o que, por um lado fomentou as suas dinâmicas de produção e consumo e, por outro lado, reforçou o seu papel simbólico no campo da cultura. Neste quadro deu-se ao nível transnacional uma interessante inovação nos repertórios, na estética e conteúdos da música e também uma modificação nas atribuições sociais e simbólicas da música. Os processos que estão por trás destas dinâmicas constituem tópicos de interesse da actual etnomusicologia, nomeadamente a dimensão transnacional da música e a inovação musical na sociedade contemporânea globalizada. “Batuku sta na moda” (“Batuque está na moda”) é o refrão de uma das canções de Lura (“Batuku” publicada no cd Di korpo ku alma, 2005) que reflecte precisamente a maneira como estas dinâmicas são vistas pela comunidade cabo-verdiana. Nesta comunicação caracterizam-se algumas destas dinâmicas e problematizam-se as múltiplas dimensões e contradições que acompanham a música cabo-verdiana e as suas transformações nas últimas duas décadas. Organização e coordenação do evento: Henrique Gomes de Araújo, Vice-Presidente da direcção da SPAE, devidamente mandatado para o efeito pela direcção e pela Assembleia Geral. Agradece-se a colaboração prestada pelo nosso sócio António Alberto Huet de Bacelar Gonçalves. Vítor Oliveira Jorge Presidente da direcção da SPAE |
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