UM MUSEU
PARA SUSCITAR A DÚVIDA, A DISCUSSÃO E A INOVAÇÃO
Falando sobre Museus,
Arqueologia e Desenvolvimento, nas Jornadas de História Local em Abrantes,
Luiz Oosterbeek, Director do Museu de Mação, defendeu que faz falta à região
um grande Museu, de dimensão nacional, que se articule com a rede de
equipamentos culturais do Alto Ribatejo, e em especial com os de Mação e Vila
Nova da Barquinha.
"Um Museu que
polarize parte da economia", que se apoie em colecções de relevo, em
laboratórios, numa biblioteca especializada, em serviços educativos dinâmicos
e orientados para o conhecimento crítico. Oosterbeek defendeu que o maior
problema da sociedade actual é a alienação, com um empobrecimento dos
instrumentos de juízo crítico informado, por parte das pessoas em geral. Essa
realidade, defendeu, é uma porta aberta não apenas à decadência económica mas
também aos populismos fascizantes, por vezes protagonizados por supostos
defensores da cultura e do património. A esse respeito mostrou imagens de
pinturas a óleo de Hitler, para sublinhar que ser investigador ou artista não
é nenhum argumento credibilizador por si só, para ninguém.
A respeito do anunciado
Museu de Abrantes, considerou que toda a polémica pública é útil, e que as
dúvidas se devem exprimir na base da seriedade e da exigência de qualidade,
pois elas devem ajudar a melhorar os projectos em curso. E considerou que
estimular o debate é exactamente a forma de não o deixar supostamente nas
mãos de interesses negativistas fascizantes, que por toda a Europa despontam
com imagem de "boas intenções críticas, geralmente anónimas" e
contra os quais se deve manter uma atenção redobrada. "Os fascistas,
apesar do seu discurso bairrista, nacionalista e xenófobo, anunciaram há uns
dias que se vão unir para formar uma espécie de Internacional da Extrema
Direita, para poderem receber fundos europeus", disse, reforçando a
ideia de que os Museus que estimulam a consciência crítica são um poderoso
instrumento contra estas tendências.
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