Tomando como bordão um tópico referente a uma inesquecível polémica coimbrã, retomo então uma matéria que aqui se tinha iniciado, a propósito de um repto lançado por Virgílio Hipólito Correia, para que se debatesse o pensamento de James Cuno a propósito das questões agora levantadas. Seja, A quem pertence o património cultural da humanidade?
Matéria de facto complexa, porque, sem qualquer hesitação, a primeira resposta que ocorre é: à humanidade.
Mas quem é a humanidade? Ninguém e toda a gente.
É daquelas questões nas quais, para lá da razão, tem que se intrometer, talvez com predominância, o bom senso. O bom gosto porventura.
Não há património que resida fora do domicílio de onde provem que não tivesse extravasado para lá das fronteiras do seu domínio, senão num dado contexto. Histórico, político e cultural.
É pois na rigorosa análise desse contexto que reside a resposta. E a essa análise deve presidir o senso.
Como bem expõe o Doutor Vasco Gil Mantas o problema, não podemos simultaneamente cultivar esfuziantes a globalização e simultaneamente paradoxais nacionalismos.
O debate da matéria é urgente, também entre nós, que não tendo todavia pirâmides e obeliscos à nossa cura, somos curadores e depositários de património que não nos pertence em exclusivo, porque reclamámos para ele a partilha com toda a humanidade.
Que o debate prossiga então. Apoiado!
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Manuel de Castro Nunes