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Re: [Archport] Escolhendo a capa da National Geographic alemã..

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Escolhendo a capa da National Geographic alemã..
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Fri, 11 Dec 2009 20:14:15 +0000



Concordo totalmente! Com algumas ressalvas:

1º) o "tesouro" para já, não é tesouro - é "património". Ou melhor, dizendo, mais que património, é herança, no sentido que os nosso amigos britânicos lhe dão, como sendo aquilo que nos foi legado pelos nossos antecessores.

2º) quanto à sua POSSE, ela é indiscutivelmente namibiana - afinal, se algum dia Portugal encontrar uma embarcação da Namíbia nas suas costas, ela também pertencerá aos portugueses, nos termos da legislação em vigor.

3º) agora, do que não poderá haver dúvidas é que a ORIGEM desse património é português. Nesse sentido, Portugal reclama, e bem, que a Namíbia não aliene ou despreze, esse património, no espírito das mais diversas convenções internacionais. Felizmente, e ao contrário de Moçambique faz - afinal, falamos de um país que, ao arrepio do que a UNESCO recomenda e preconiza e contra aquilo que alguns dos seus arqueólogos nacionais pensam, resolveu vender em leilão parte do património náutico de origem portuguesa que jaz nas suas águas, concedendo à empresa de caça ao tesouro Arqueonautas, SA a exploração comercial dessas mesmas jazidas arqueológicas - a Namíbia tem desenvolvido um trabalho impar e excepcional no estudo, preservação e investigação do património de origem portuguesa, espanhola e alemã que encontrou no sítio do naufrágio da presumível nau da Coroa Portuguesa Bom Jesus, de 1533.

Há países e países. E há "arqueólogos" que procuram e vendem tesouros e outros que estudam artefactos para chegar aos homens e às culturas que os criaram e disseminaram - isto também vem nos livros do 1º ano de arqueologia.




2009/12/11 Leonardo Adamowicz <scout.moz2007@gmail.com>

Nos, os arqueologos que trabalhamos em África, já chamamos atenção da revista  “National Geographic – Deutschland” que  Namibia é um pais independente já 19 anos e tudo o que foi, é e será encontrado nas águas territoriais deste país pertence e pertencerá ao povo namibiano. Todos sabem que ...... os primeiros europeus a desembarcarem e explorarem as costas da Namibia foram os navegadores portugueses Diogo Cão em 1485 e Bartolomeu Dias em 1486, mas a região não foi reclamada pela coroa portuguesa. Na sequência da Conferência de Berlim, em 1885, a Alemanha passou a administrar o território do Sudoeste Africano até a sua derrota na Primeira Guerra Mundial em 1918. Nessa altura, a União Sul-Africana obteve o mandato da Liga das Nações para administrar aquele território, mas não o substituiu por um mandato da ONU, em 1946, ficando ilegalmente a ocupar o território como se fosse uma quinta província. Em 1966, a SWAPO (South-West Africa People's Organisation), um movimento independentista, lançou uma guerra de guerrilha contra as forças ocupantes, mas só em 1988 o governo sul-africano acedeu a terminar a sua administração do território, de acordo com um plano de paz das Nações Unidas para toda a região. A Namíbia tornou-se independente da África do Sul em 1990 (citações de um dos manuais da história - escola primária).

Por isso nem o tesouro português e ainda muito menos alemã, Estimados Senhores!

 

Ohne abstimmung

 

Leonardo Adamowicz

Circulo de Interesse do Património Cultural

Maputo, Moçambique

 

 

From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Alexandre Monteiro
Sent: 11 December 2009 17:54
To: archport
Subject: [Archport] Escolhendo a capa da National Geographic alemã..

 

Recebi este email de um arqueólogo da Àfrica Austral, um dos que estuda o naufrágio da Namíbia: "Hi all This is called lobbying.... National Geographic Germany has shortlisted the extended version of the story of the "Bom Jesus" as one of three possible articles to feature on the front page of their February issue of the magazine. As usual, they are putting the choice to the vote on the net. The chief editor still has the final say, but every little bit helps. So, PLEASE use the attached link to go to the NG site, where you will see the three covers. Select the one with the ship on it, and then click on "Abstimmen" - which is "vote" in German. You will then see the latest score. We are currently leading, but that can change, so please vote - and please get all your friends to vote as well. Thanks!" http://www.nationalgeographic.de/ng-magazin/cover-abstimmung

 

PS: o titulo da capa reza: "Um tesouro alemão: investigadores encontram na Namíbia um navio com 500 anos". É óbvio que esta problemática da apropriação daquilo que é "nosso" por outras nações/culturas daria pano para mangas mas, como se trata de património da Humanidade (sim, eu sei que há quem não goste do termo) e não propriamente de um "tesouro português", e como me parece que em Portugal este assunto passou ao lado de outras grandes discussões de inegável interesse público e nacional (como a licenciatura do primeiro-ministro, a pretensa lipoaspiração do técnico do Nacional da Madeira ou o casamento entre indivíduos do mesmo sexo), não me parece de todo despiciendo este apelo, de modo a tornar mais apelativo junto do público de expressão alemã um fragmento do património cultural português (e alemão, já agora).

 

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