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Re: [Archport] Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma o bra no concelho de Alcácer do Sal

Subject :   Re: [Archport] Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma o bra no concelho de Alcácer do Sal
Date :   Tue, 26 Jan 2010 21:09:59 +0000

Essa ideia da greve é muito boa, eu já tentei transmiti-la aos colegas com que vou trabalhando, mas todos se mostram muito pouco crentes nela.

A verdade é que se Todos (e teriam mesmo de ser todos!!!) os arqueólogos e técnicos de arqueologia falassem com seus clientes (sejam empresas de arqueologia, ou outras) e se recusassem a trabalhar a partir do próximo mês, a menos que fossem aumentados em 10 ou 20€/dia, essas empresas não teriam hipótese e (por não encontrarem ninguém que aceitasse trabalhar abaixo desse valor) seriam obrigadas a aceitar a nossa exigência!

O grande problema (e desculpem-me se se sentirem insultados) é que nós arqueólogos somos uma cambada de burros, intriguistas, oportunistas, e nada solidários entre nós próprios. Existem sempre umas dezenas de profissionais que por burrice ou hipócrisia, aceitam trabalhar por valores vergonhosos, por vezes em condições que põem em causa a nossa própria dignidade enquanto seres humanos, sem sequer serem capazes de tentar regatear o valor ou as condições que lhes propõem.  

Caros colegas, tudo está nas nossas mãos, nunca aceitem á primeira o valor que vos propõem, ao fazê-lo podem correr um risco, o de perder esse trabalho, mas ganham uma certeza, a de que estão a valorizar a vossa profissão!

Ah, e ao depararem com um colega que está nessas condições degradantes, não tenham receio de lhe chamar burro e estúpido, pois primeiro que tudo é a verdade, e segundo, é a única maneira de lhe abrirem os olhos!

Só todos juntos, numa acção sem quaisquer excepções, podemos alterar as condições a que chegámos. E eu acredito sinceramente que é possível, temos tudo para o fazer, só falta vontade e coragem para isso! Falemos com os nossos colegas no trabalho, nos cafés. Entupam o archport com mensagens a denunciar casos, a partilhar ideias, a planear acções!

Façamos alguma coisa, só nós temos capacidade para tal, e ninguém o fará por nós acreditem!

PS: Parabéns Jorge Feio, tomassem todos a mesma atitude que tu, e estávamos todos nós arqueólogos muito melhor, e apenas preocupados com o que realmente nos importa, o nosso património!

----- Mensagem de pmonteiro@ntasa.pt ---------
Data: Tue, 26 Jan 2010 19:25:17 -0000
De: Paulo Monteiro <pmonteiro@ntasa.pt>
Assunto: Re: [Archport] Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma o bra no concelho de Alcácer do Sal
Para: Frederico Carvalho <fredcarvalho78@hotmail.com>, d.marta25@gmail.com, jorgefeio77@hotmail.com, archport@ci.uc.pt

 

E porque não declarar “greve” aos valores baixos?

 

Em primeiro lugar, sendo obrigatório, nos termos da lei, haver arqueólogos em obras de uma certa natureza e dimensão, estes terão que ser forçosamente contratados, sob pena de não estarem reunidos os requisitos legais necessários para que a obra avance.

 

Ora, este protelar, ou este não avançar, custará muito mais caro ao dono da obra do que, digamos, pagar 150 ou 200 euros liquidos/dia a um arqueólogo.

 

Para que isto aconteça, basta que nenhum dos profissionais devidamente habilitados e reconhecidos pela tutela aceite trabalhar por menos do esses valores.

 

Ou seja, está nas nossas mãos o definir-se quanto é que vamos ganhar pela prestação dos serviços que só nós podemos prestar.

 

 

 

 

 


From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Frederico Carvalho
Sent: terça-feira, 26 de Janeiro de 2010 18:01
To: d.marta25@gmail.com; jorgefeio77@hotmail.com; archport@ci.uc.pt
Subject: Re: [Archport] Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma obra no concelho de Alcácer do Sal

 

Acabei de recusar a proposta pelos mesmos motivos já aqui evocados. Mas também estou ciente que alguém acabará por aceitá-la...
Saudações Arqueológicas


Frederico Nunes de Carvalho

Arqueólogo e Técnico Superior de Património Cultural

tlm.962582690

 

 

 

 




 

 


Date: Tue, 26 Jan 2010 17:47:39 +0000
From: d.marta25@gmail.com
To: jorgefeio77@hotmail.com; archport@ci.uc.pt
Subject: Re: [Archport] Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma obra no concelho de Alcácer do Sal

Como é ÓBVIO EU NÃO ACEITEI, mais não seja pela dignidade que a nossa profissão merece. Nós não somos menos que os engenheiros ou que os arquitectos para auferirmos o mesmo que um trolha numa obra das Estradas de Portugal.

 

Parabéns, Jorge feio. Você teve uma atitude digna.

 

E para aqueles que aceitarem o trabalho eu tenho um recadinho para eles: se querem fazer curriculo mais vale trabalharem como voluntários em escavações de professores universitários porque aqui não só ganham experiência, como não perdem dinheiro e o curriculo ficará mais bonito. Se forem para uma obra por menos de 1400 euros mensais vão ver o que é pagar para trabalhar!

 

 


 

2010/1/26 Jorge Feio <jorgefeio77@hotmail.com>

Foi recentemente colocado aqui um post a informar da necessidade de contratação de um arqueólogo para uma obra a cerca de 30km para Este de Alcácer do Sal.

 

Trata-se efectivamente de uma obra a cerca de 30km para sul, mais exactamente no Torrão, da responsabilidade da E. P.

 

Tendo sido contactado para o trabalho, em resposta ao envio do curriculum vitae, constatei que o empregador é uma empresa de trabalho temporário.

 

Foi-me feita a seguinte proposta: 800€ mensais, mais os duodécimos do subsídio de féria e do subsídio de Natal e ainda subsídio de alimentação. Feitos os descontos, iria receber "limpos" 880€. Teria direito a férias e a indemnização de final de contrato. O carro seria o meu, bem como o pagamento de combustível.

 

Acrescente-se que a empresa prefere arqueólogos da zona (Alvito, onde moro, fica a 23km do Torrão) para não pagar alojamento.

 

Dividindo o vencimento limpo por 30 dias, como se faz na função pública, iria receber 29,33€ por dia. Uma Fortuna!!!

 

Fazendo contas, um arqueólogo em início de carreira na função pública (o correspondente ao antigo técnico superior de 2ª) auferirá este ano cerca de 1380€ brutos mensais. Ora multiplicando por 14 meses (12+subsídio de natal+subsídio de férias) dá a bonita soma mensal de 1610€. Depois de pagos os impostos, receberá o equivalente a 1308€ mensais (recebendo a verba repartida por 12 meses) mais o subsídio de alimentação que é de 5,25€/dia e que multiplicado por 22 dias dá 115,5€. Ora 1308€+115,5€=1423,5€ (=47,45€/dia).

 

Continuando a fazer contas, 1423,5€-880€=543,5.

 

Ou seja, se alguém aceitar esta proposta irá perder, comparando o que mereceria auferir com que irá receber na realidade, apenas 543,5€ "líquidos"por mês e 6522€ ao fim de um ano.

 

Isto fora o cálculo das horas extraordinárias, onde se receberia pouco mais de metade do que é justo.

 

 

 

Como é ÓBVIO EU NÃO ACEITEI, mais não seja pela dignidade que a nossa profissão merece. Nós não somos menos que os engenheiros ou que os arquitectos para auferirmos o mesmo que um trolha numa obra das Estradas de Portugal.

 

Basta acrescentar as seguintes contas: 200€ para gasóleo + 150€ para alimentação + 200€ (no mínimo) para alojamento (para quem precisar)= 550€. Sobram 330€ para pagar o desgaste do carro e outras despesas que tenhamos.

 

Sabendo-se que as Estradas de Portugal têm arqueólogos nos quadros, será que eles concordam com estes pagamentos ultrajantes que as empresas que eles contratam para obtenção de serviços qualificados de quadros especializados propõem aos próprios colegas de profissão?

 

Se calhar concordam, a bem da estabilidade financeira de uma empresa que lucra milhões de euros todos os anos e recebe verbas a partir dos impostos que todos pagamos.

 

Eu não aceitei uma obra que irá iniciar-se pouco depois de eu terminar o acompanhamento onde me encontro. Se calhar até não vou ter trabalho durante algum tempo, mas eu quero pertencer a uma classe respeitada, que aufira os honorários que merece. Na proposta que apareceu na internet observava-se ainda um pequeno ponto onde se encontrava escrito que "a remuneração seria equivalente à experiência do arqueólogo a contratar". Como eu tenho quase 10 anos como profissional, calculo quanto irá auferir alguém com menos tempo de experiência.

 

Certamente alguém irá aceitar. É pena, pois assim nunca poderemos exigir que nos respeitem. Se ninguém aceitar, terão de aumentar o valor da proposta, porque é OBRIGATÓRIO O ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO DAQUELA OBRA.

 

Um abraço,

 

Jorge Feio

 

 


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