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[Archport] O cais de cruzeiros na baía de Angra do Heroísmo

To :   "Archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] O cais de cruzeiros na baía de Angra do Heroísmo
From :   "Paulo Monteiro" <pmonteiro@ntasa.pt>
Date :   Sat, 6 Feb 2010 16:41:02 -0000

Construir ou não construir…

 

 

“O mesmo Governo Regional, que em 2006 abriu caminho à classificação da baía como ‘reserva arqueológica subaquática nacional’, pretende agora dar prioridade ao comércio moderno, em detrimento do património histórico.”

 

Expresso das Nove, 05/02/2010, por TIAGO MATIAS

… não é esta a questão. A construção do cais de cruzeiros na baía de Angra do Heroísmo continua a dar que falar. À primeira vista parece boa ideia, um sinal de desenvolvimento, prosperidade e de atracção de negócio para a Terceira. Uma leitura mais "profunda", contudo, deveria ser suficiente para abandonar a ideia. É que naquele local jaz um riquíssimo património arqueológico, uma panóplia de embarcações afundadas, de inegável valor histórico. Uma relíquia a acarinhar e da qual os adeptos do mergulho não deveriam ser privados. É que há coisas que são insubstituíveis. Parece-me que a instalação de um moderno cais de cruzeiros naquele local irá provocar danos irreparáveis aos cerca de 90 naufrágios, alguns dos quais remontam ao século XVI. O mesmo Governo Regional, que em 2006 abriu caminho à classificação da baía como "reserva arqueológica subaquática nacional", pretende agora dar prioridade ao comércio moderno, em detrimento do património histórico. É de estranhar, uma vez que é conhecida a preocupação do Executivo com o mergulho. Até porque não é à toa que se organizam bienais de turismo subaquático na Graciosa e que se anunciam apostas estratégicas na divulgação da actividade, nos mercados nacional e internacional.

Confessamente não sendo perito em qualquer das áreas envolvidas (estudos subaquáticos, arqueologia marinha, engenharia, política, outras (?)), pergunto; não será viável construir tal cais numa outra zona da ilha? Um local que sirva condignamente o turismo, com bons acessos a Angra, sem fazer passar cruzeiros de 3.000 pessoas e incontáveis toneladas, sobre os frágeis navios afundados?

Ninguém nega que tal investimento seja positivo; aliás, com base no investimento feito nas Portas do Mar, tudo aponta para que venha a ser um sucesso. Contudo, impõe-se a visão estratégica, a defesa do património, a coragem de renunciar a uma solução populista, em detrimento de uma solução científica e eticamente correcta.

Estamos perante um caso de "longe da vista, longe do coração". Isto, porque nem todos têm o privilégio de conhecer pessoalmente estes paraísos subaquáticos. Mas para quem não pode, existem as exposições e os concursos de fotografia subaquática, frequentes na Região. Basta olhar para as fotos, para não se perceber o porquê da construção desse cais, naquela baía.



 

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