Re: [Archport] Viciação de concursos públicos - correcção
Bom, eu acho que:
- qualquer entidade pública tem o direito de elaborar o perfil que entender necessário de modo a contratar técnicos capazes e habilitados para desempenhar as funções e as tarefas que o esperam;
- do mesmo modo, considero que mais do que a licenciatura de base, o que é necessário apurar é se o candidato detém ou não as competências e o percurso curricular suficientes para suprir esse mesmo perfil requerido;
- acho redutora a exigência da detenção de um licenciatura em antropologia, exactamente por eliminar à partida uma série de candidatos, putativa e igualmente, ou melhor, habilitados para se opor a este concurso. nada contra a antropologia, claro, até porque, por exemplo, nos Estados Unidos, a esmagadora maioria dos arqueólogos tem formação em Antropologia (o que eu acho bem, até porque, parafraseando Wheeler, mais do estudar materialidades, a arqueologia estuda realmente a Humanidade);
- acho mais: tendo em conta o exposto no meu ponto anterior, considero que a acção mais correcta, e democrática, que o colega teria a fazer era a de candidatar-se, esperar pela mais do que a sua prevista exclusão ao concurso e então reclamar, nos termos da legislação em vigor. Não só esse é o procedimento correcto a ter - pelo que implica em termos de defesa dos interesses, seus e da classe - como, adoptando-o, assumiria uma atitude com bem mais hombridade do que esta que tomou. É que aquilo que escreveu, a rematar a sua "denúncia" é quase que do foro dos tribunais, onde se costumam tratar de casos de difamação e de calúnia. Ou seja, por outras palavras não lhe permito, pessoalmente, a "ousadia". Mas agora já é tarde, não é?
Em 19 de fevereiro de 2010 03:37, Frederico Carvalho
<fredcarvalho78@hotmail.com> escreveu:
Peço desculpa aos colegas pela anterior mensagem, mas inadvertidamente colei várias vezes o mesmo texto!
Sem desrespeito para com os colegas antropólogos, faz algum sentido a exigência dum licenciado em Antropologia para exercer este tipo de funções:
Levantamento do património material e imaterial do Concelho de Grândola;
- Investigação de âmbito bibliográfico, oral e fotográfico para a elaboração e montagem de exposições;
- Recolha, identificação e digitalização de fotografias cedidas por particulares, relativas ao Concelho;
- Identificação, inventariação e acondicionamento das provas fotográficas realizadas a partir dos negativos de vidro do espólio Martins e Máximo;
- Elaboração do Plano de Conservação Preventiva para os negativos de vidro do espólio Martins e Máximo;
- Higienização e inventário dos negativos de vidro do espólio Martins e Máximo;
- Acompanhamento da requalificação das estações arqueológicas do Cerrado do Castelo e do Monumento Megalítico do Lousal;
- Realização dos protocolos com os proprietários dos terrenos onde se encontram as estações arqueológicas;
- Preparação das propostas de classificação da Cista Megalítica do Lousal e do Monumento Megalítico dos Serôdios;
- Acompanhamento da elaboração dos projectos de requalificação das estações arqueológicas do Lousal;
- Elaboração do programa museológico do Centro de Interpretação de Grândola;
- Recolha, tratamento e divulgação de informação sobre o Museu Mineiro do Lousal e Centro Ciência Viva;
- Elaboração das propostas metodológicas de organização do fundo documental da empresa Mines et Industries;
- Preparação do Plano de Conservação Preventiva do fundo documental Mines et Industries;
- Elaboração de textos com vista à valorização e divulgação do património histórico e cultural do Concelho de Grândola;
- Elaboração de estudos para a criação de equipamentos culturais no âmbito da museologia;
- Realização de outras tarefas, inerentes à sua função, solicitadas pelos superiores hierárquicos.
Esta transcrição e mais pormenores sobre esta oferta de trabalho, aqui:
Sinceramente acho que esta oferta seria mais adequada para um licenciado em História. Qualquer um dos seus inúmeros ramos seria mais ajustado ao tipo de trabalho a desempenhar do que para um Antropólogo. Depois, está bem explícito no concurso que qualquer licenciatura não compatível com a habilitação expressamente solicitada, era factor de exclusão do mesmo!! Isto dá muito que pensar, mas sobretudo que, apesar de se terem criado concursos públicos para o desempenho de cargos na administração publica e local, há sempre formas muito convenientes do político português contornar as leis por ele criadas. Assim, não admira que esta decadente democracia e fogacho de país, tenha o índices de desenvolvimento que tem, pessoas tão bem capacitadas academicamente a emigrar, pois o que sobra é, quase sempre mediocridade. Não querendo com isto dizer que um antropólogo, em abstracto não pudesse exercer bem o lugar, mas em teoria, uma pessoa mais habilitada para o lugar em aberto não era certamente uma titular da licenciatura de Antropologia. Desta forma, grassam pelo país trabalhos tardios, desadequados e muitas vezes despesistas, isto porque quem os programou não era o mais habilitado para o fazer...Se me permitem a ousadia, quiçá se na autarquia grandolense não havia um licenciado com cita licenciatura amigo do presidente, de algum vereador ou algum responsável autárquico, a carecer dum trabalhinho...feito à medida do pretendente...
Saudações Arqueológicas,
Frederico Carvalho
Técnico de Património e Arqueólogo
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