[Archport] Relíquias romanas (prego) encontradas na Madeira (Forte São José).
Comunicado: Relíquias romanas (prego) encontradas na Madeira (Forte São José).
As notícias publicadas, hoje, em Inglaterra, sobre as alegadas
relíquias romanas encontradas nas escavações arqueológicas levadas a
cabo no Forte de São José, do século XVIII, merecem o seguinte
comunicado do Conselho Científico do CEAM:
1. Considerando a direcção científica dos trabalhos
arqueológicos a cargo do CEAM no Forte São José (2004-2006), é
manifestamente falsa a notícia que tenham sido encontrados quaisquer
objectos romanos, sobretudo num espaço (saliência de rocha) que,
coincidiu, com a área escavada.
2. Desta área (cuja expressão inglesa anuncia "dig") foram
identificados, até o substrato rochoso, objectos que datam, apenas e
unicamente, dos séculos XVII, XIX e XX, havendo todavia alguns
vestígios que podem remontar ao século XVII.
3. Desta feita, a notícia dos achados de relíquias de
crucifixos constitui um "delírio fantasioso", ainda mais ridículo pela
sensacionalista notícia de uma caixa de madeira (leia-se, ainda,
completamente preservada, à beira-mar, ao longo de dois milhares de
anos), com três esqueletos, três espadas e um crucifixo.
4. O prego que ilustra a notícia, a ser do forte, não é mais do
que uma tacha usada na construção de habitações durante a Época
Moderna (séculos XVII e XVIII) e existe às dezenas no recheio do
espólio exumado nas escavações. Do mesmo modo, que as referências aos
esqueletos constituem, também, uma invenção com contornos dar maior
ênfase ao apócrifo.
5. Esta opinião é corroborada pelo arqueólogo e especialista
da arqueologia romana Brian Philp, que tem acompanhado presentemente o
estudo dos materiais em articulação com os técnicos do CEAM.
6. O CEAM falou, hoje, com os directores dos jornai ingleses, que se
comprometeram a esclarecer, curto prazo, a opinião publica.
7. Em conclusão: trata-se de uma pura invenção, sem rigor e
seriedade científicas, com o agravante dos senhores Christopher
Macklin e Bryn Walters serem, até à data, pessoas estranhas e
desconhecidas às relações dos arqueólogos que estudaram, na realidade
e com metodologia assente em pressupostos intelegíveis, o espaço
militar em causa.
Élvio Duarte Martins Sousa
João Lino Moreira