Pronto, vou dizer aquilo que ninguém parece querer dizer.
O que pode querer um Ministério da Cultura que estabelece o prazo de um mês para o Director do Museu Nacional de Arqueologia abandonar as actuais instalações do Museu?
Pretenderá que ele cumpra a ordem de serviço?
É óbvio que o Ministério sabe que a ordem não tem qualquer viabilidade de ser cumprida. Não teria, em condições operacionalmente rigorosas, mesmo que tivesse sido acatada em Agosto, como se alega.
Assim sendo, o Ministério sabe que a ordem não vai ser cumprida. Atira o Director do Museu para uma situação de desobediência. Deixa-o de mãos atadas, com a cabeça no cepo.
Assim sendo também, a recondução recente do Director do Museu Nacional de Arqueologia foi uma cilada hipócrita. Como se aproximavam eleições, o Director aguardaria o seu resultado, na esperança de que o processo fosse ainda reversível.
Bem, está na moda o culto de Maquiavel.
Espero que a comunidade arqueológica compreenda que não é só a Cultura e o Património Arqueológico que estão em causa. É a ética e a cultura política.
E que se mobilize perante este episódio, abordado desta perspectiva, da perspectiva da denúncia da conjura. Porque é disso que se trata.
O objectivo de todo este processo era dois. Não era apenas desinstalar o MNA. Era também afastar o seu Director. Porque o MNA não era apenas um Museu, era a sede de um pensamento cultural incómodo.
Toda a gente acabaria depois de 8 de Maio por concluir isto.
Mas tinha que ser dito agora.
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