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[Archport] Arqueologia como arma de combate em Jerusalém?

To :   "Archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Arqueologia como arma de combate em Jerusalém?
From :   "Paulo Monteiro" <pmonteiro@ntasa.pt>
Date :   Thu, 8 Apr 2010 18:43:09 +0100

Arqueologia como arma de combate em Jerusalém?

BBC, 08/04/2010

 

A disputa pela soberania da cidade de Jerusalém é a parte central do conflito israelo-palestiniano. Os palestinianos acusam os israelitas de recorrer a meios políticos e sociais para os expulsarem da parte leste da cidade, que querem como capital do seu futuro estado.

Israel tem permitido que um número crescente de famílias judaicas se estabeleçam em Jerusalém Leste.

Também tem expulsado e demolido as casas de muitos palestinianos. E agora os palestinianos dizem que Israel está a usar a arqueologia como a última táctica para cimentar a sua presença em Jerusalém - tanto na parte ocidental como na oriental.

"Gosto muito de viajar e, onde quer que vá, gosto de comprar um guia turístico. Em Jerusalém o meu guia é a Tanakh, a Bíblia."

Riqueza arqueológica

Este é o início da visita ao impressionante e vasto Sítio Arqueológico da Cidade de David, em Jerusalém.

O sítio estende-se por uma das colinas de Jerusalém, junto à Cidade Velha, e é visitado diariamente por centenas de turistas.

A maioria são judeus de várias partes do mundo, como a família Schneider, da cidade norte-americana de Los Angeles.

O chefe de família, Abshalom Schneider, disse que era importante mostrar o local aos seus filhos:

"Estamos a seguir a tradição judaica aqui na Cidade de David. Tem muito a ver com a tradição judaica. Sentimo-nos como se estivéssemos a caminhar sobre o mesmo chão pisado pelos nossos antepassados quando íam ao Templo Sagrado. Estamos a seguir as suas pegadas com esta visita."

A fundação israelita que gere este sítio arqueológico tem como objectivo reforçar as ligações judaicas com Jerusalém nos tempos modernos enfatizando laços antigos, neste caso a David, o rei do povo judeu, há três mil anos. Alguns historiadores acreditam que era aqui onde estava o palácio do Rei David.

Mas a arqueologia está agora envolta em controvérsia. As escavações na Cidade de David, com os seus túneis subterrâneos, centra-se no distrito palestiniano de Silwan.

Está em Jerusalém Oriental, que Israel ocupa desde a guerra de 1967. Silwan tem quarenta mil palestinianos.

Eles dizem que as escavações não estão a ser feitas por razões arqueológicas mas sim por motivos políticos. Os palestinianos querem Jerusalém Oriental como capital do seu futuro estado. Israel quer manter o controlo de toda a cidade.

Luta por Jerusalém

A batalha pela soberania de Jerusalém está no centro do conflito israelo-palestiniano.

No bairro de Al Bustan, no distrito de Silwan, as paredes das ruas estão cobertas com pinturas de palestinianos a chorar.

Os residentes dizem que se tratam de lágrimas de pesar pelo que está a acontecer em Jerusalém Oriental. Muitas casas no bairro vão ser demolidas muito em breve.

Os residentes receberam ordem de despejo e terão de abandonar essas casas. Eles dizem que isso e as escavações arqueológicas são prova de um esforço concertado, em nome do estado de Israel, para correr com os palestinianos.

Despejos

A família de Amani Odeh estabeleceu-se no distrito de Silwan a várias gerações: "O meu bisavô nasceu aqui, e o pai dele também. Nós nascemos aqui, somos de Silwan, somos de Jerusalém, e não conhecemos qualquer outro lugar."

A casa de Amani Odeh, tal como muitas outras, vai ser demolida. Mas ela diz que é quase impossível conseguir-se autorização de Israel para se construir legalmente em Jerusalém.

E, como se não bastasse, os residentes de Silwan também dizem que as escavações arquelógicas da Cidade de David estão a debilitar as estruturas de muitas casas.

"Trata-se de um plano. Eles querem que Jerusalém seja cem por cento israelita. A arqueologia é para provar que eles têm uma história aqui", disse um residente.

Uma boa parte da terra na Cidade de David é propriedade de uma associação israelita, que também financia a construção de colonatos judeus na ocupada Jerusalém Oriental.

Mas os arqueólogos dizem que isso não tem nada a ver com as suas actividades, como é o caso de Jon Seligman, do Departamento de Antiguidades de Israel:

"Não nos cabe a nós tomar decisões sobre atitudes políticas. O trabalho que fazemos aqui não tem a ver com a procura de qualquer herança em particular. Temos aqui obras arqueológicas que são do período Árabe, do período Romano e da época do Primeiro e do Segundo Templos", disse.

Há milhares de anos que diferentes nações e culturas lutam por Jerusalém. Os israelitas e os palestinianos são hoje prova de que essa luta continua bem viva.

 

http://www.bbc.co.uk/portugueseafrica/highlights/story/2010/04/100408_jerusalemarchitecturelcaws.shtml

 

 

PAULO ALEXANDRE MONTEIRO

 

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