Museus
europeus chamam Luís Raposo a Cambridge
DN, 13/04/2010, por ANTÓNIO PEDRO
PEREIRA
Um grupo de museus europeus
solicitou a presença do director do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) em
Cambridge, local simbólico para esta área (é lá o Museu de Arqueologia Clássica
e um grande centro universitário da área), para esclarecer o processo de
mudança de instalações que tem preocupado os arqueólogos e universitários em
Portugal. E, agora, também lá fora.
"Fui convidado para me deslocar a Cambridge, onde se
vão reunir os museus de arqueologia de vários países, da Inglaterra à Espanha,
Itália ou França, para explicar este plano do Ministério da Cultura para o
MNA", confirmou ao DN Luís Raposo. "Há ali muitos portugueses, de
professores a arqueólogos ou estudantes que foram passando as preocupações e
gerou-se um movimento europeu de solidariedade que pretende salvaguardar os
interesses da arqueologia", juntou.
O Ministério da Cultura (MC) quer colocar o MNA na
Cordoaria, mas as dúvidas quanto à capacidade daquele edifício para albergar
cerca de 700 tesouros nacionais, sem um estudo geotécnico prévio que desfaça as
dúvidas (o ministério tem-se mostrado satisfeito com tudo o que já foi
apurado), não deixa a comunidade arqueológica descansada. Luís Raposo já disse
claramente que sem esse estudo nem sequer se sabe se a Cordoaria é tecnicamente
viável para acolher o MNA - e que se recusa a mudar de casa sem esse estudo
certificado, por exemplo, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
"Sinto que tem havido uma grande solidariedade para com
os meus argumentos, sim", diz Luís Raposo. E no blogue do Grupo de Amigos
do MNA (http://gamna.blogspot.com/) podem ler-se vários depoimentos de
professores catedráticos e outros universitários a pedir o estudo prévio que
afaste qualquer dúvida técnica da Cordoaria - ou que aponte um caminho para, se
as houver, as rectificar. "Como pode o Doutor João Brigola referir 15
milhões de euros para uma eventual adaptação da Cordoaria se não existem os
estudos prévios nem os projectos? Pela sua falta de preparação para o lugar,
devia ser afastado por demagogia e inépcia", disparou Francisco Sande
Lemos, professor jubilado da Universidade do Minho. "No fundo, o que se
pede é que haja bom senso. Primeiro terminem o Museu do Côa. E depois estudem
uma solução para o Museu Nacional de Arqueologia. Faço votos para o que o Dr.
Luís Raposo não ceda às pressões do poder político", junta.
No fundo, e lendo-se vários depoimentos de gente da
arqueologia, como os professores universitários Vítor Gonçalves (Lisboa),
Armando Coelho Ferreira da Silva e Vítor Oliveira Jorge (Porto) ou Nuno Bicho
(Algarve), vê-se instalada uma onda de indignação.
Uma onda de indignação à qual o MC tem reagido dizendo
apenas que tudo será feito a pensar na segurança do museu e do seu espólio, sem
se comprometer com qualquer estudo - o secretário de Estado Elísio Summavielle,
disse o MC, está satisfeito com os estudos efectuados. Amanhã, no entanto,
Gabriela Canavilhas será questionada sobre o assunto na Comissão de Cultura do
Parlamento, que na semana passada visitou o museu.
Depois, Raposo vai a Cambridge. "Falta apenas marcar
uma data. Julgo que em Abril não posso."
'memória comum'
"Apoio implícito" em conversas no MNA
› O Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia
promove Conversas de Fim de Tarde, um programa de tertúlia em que "ficam
implícitos os apoios" de várias figuras da sociedade nesta luta do MNA.
Trata-se de um programa que reúne várias figuras da política, artes e
literatura de 20 deste mês a 3 de Junho, sempre às 18.00, nos Jerónimos. Em
torno de um tema geral: "Património Cultural - Memória Comum".
Lista de oradores: Simonetta Luz Afonso, Guilherme
d'Oliveira Martins, Raquel Henriques da Silva Paula Teixeira da Cruz, José
Miguel Júdice, António Galopim de Carvalho, Carlos Fiolhais, Mário de Carvalho,
José Manuel Mendes, Pedro Roseta, Loureiro dos Santos, Maria Helena da Rocha
Pereira, José Cardim Ribeiro, António Borges Coelho e Amílcar Guerra, Luís Serpa,
Diogo Pires Aurélio e José Carlos Vasconcelos, Vítor Serrão e José Aguiar,
Alexandre Alves Costa e José
PAULO ALEXANDRE MONTEIRO
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