[Archport] MNA - Bom senso e sabedoria
Ontem à tarde no Museu Nacional de Arqueologia tive oportunidade de ouvir, no âmbito das Conversas do fim da tarde, as Drªs. Natália Correia Guedes e Adília Alarcão, bem como o Dr. Cardim Ribeiro. As duas sublinharam claramente que os Museus Nacionais, pelo seu estatuto, merecem uma política ponderada. Deixaram também muito claro o seu entendimento que não consideram a Cordoaria como espaço indicado para aí instalar o MNA. O Dr. Cardim Ribeiro foi mais acutilante e referiu a arrogância política, alvitrando que talvez o MNA estivesse melhor no quadro das Universidades e do Ministério da Ciência.
Fiquei mais elucidado (e indignado) sobre a aventura que a equipa ministerial se propõe levar a cabo. Será um naufrágio estou convencido e ainda por cima custeado pelo Zé Povinho como diria Rafael Bordallo Pinheiro.
Porque não houve a Ministra o conselho dos especialistas e a voz da sabedoria?
Podemos embarcar num Museu dos Descobrimentos, mas antes disso, eu preferia que a minha cidade natal, porto atlântico ao longo de milénios fosse recuperada, os seus bairros, os seus monumentos, as suas ruas. E depois então se discutiriam novos Museus.
Não entendo como há casas a ruir em Alfama e se disponibilizam milhões de euros para projectos que conviria discutir em profundidade, ouvidos os especialistas. Não entendo como o poder político executivo pode governar sem o conhecimento. Outrora seria possível no tempo do Antigo Regime (sécs. XVII e XVIII). Mas estamos no século XXI e na Europa ( e não na Birmânia).
Recuperar Lisboa não se limita aos Jerónimos. É um projecto muito vasto. Não podemos ter Turismo com uma montra bonita cercada por ruínas.
Por isso, mais uma vez apelo ao bom senso. E aos arqueólogos para que intervenham pois o futuro da Arqueologia também passa pelo MNA. Primeiro foi o IPA. Agora poderá ser o MNA. Amanhã será talvez a aplicação da Convenção de Malta em Portugal.
Francisco Sande Lemos