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[Archport] UNL, UAç, Açores: um mar de património

To :   <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] UNL, UAç, Açores: um mar de património
From :   "Paulo Monteiro" <pmonteiro@ntasa.pt>
Date :   Fri, 14 May 2010 14:49:31 +0100

Universidade Nova de Lisboa

Um mar de património

 

E m terra, já tiveram direito a toda a publicidade deste mundo. Basta recordar a série cinematográfica Indiana Jones para elevar qualquer arqueólogo à categoria de estrela pop. E no mar? Os oceanos são leito de imenso património arqueológico

 

 

E ainda que Hollywood não se tenha lembrado de mergulhar a personagem imortalizada por Harrison Ford, muitos analisam os fundos submarinos à procura das histórias que a História tem para contar.

No Centro de História de Além Mar (CHAM) da UNL, há quem já tenha dessas histórias. Os mergulhos arqueológicos fazem-se nos Açores, em Angra do Heroísmo e na Horta, à volta de vários sítios, conhecidos pelas letras do alfabeto. No caso do chamado Angra D, repousa um navio do século XVI ou XVII, um interessante objecto de estudo. Alguns dos achados remontam a 1996, no âmbito de uma avaliação do impacto da construção da marina de Angra do Heroísmo.

O CHAM trabalha com equipas da Universidade dos Açores há 10 anos. Há um ano e meio, passou a pertencer também à academia açoriana e desenvolveu o projecto PIAS – Estudo, Valorização e Monitorização de Sítios Arqueológicos na Ilha Terceira. Juntos, ocupam-se de cinco desses sítios. A responsabilidade do projecto acabou por caber a José Damião Rodrigues, da Universidade dos Açores, enquanto a direcção dos trabalhos arqueológicos ficou a cargo de José Bettencourt, açoriano da UNL.

O arquipélago é rico em vestígios de navios naufragados de vários séculos, já que era «um ponto de passagem no regresso de todas as carreiras marítimas», diz João Paulo Costa, director do CHAM.

A riqueza aqui não se mede em cifrões de fundos de investimento ou afins – é da cultura que se faz turismo. Angra, por exemplo, tornou-se um «parque arqueológico subaquático que é possível visitar», adianta André Teixeira, responsável pela área de arqueologia do CHAM. As ‘visitas’ entenda-se, estão reservadas aos turistas que saibam as bases de mergulho.

Mas, acima de tudo, é a defesa do património o que move o projecto PIAS: «Tem sido um trabalho de formiga», explica Teixeira. Na próxima fase do projecto «o peso do trabalho é fazer a monitorização de todos os sítios, mas o objectivo principal é o estudo de Angra D».

O sítio revelou muitas peças, que deverão ser trazidas à superfície para análise e conservação. «Há uma probabilidade de as peças se estarem a degradar por acção do taredo [um molusco que ataca a madeira dos navios] e é preciso salvá-las».

Mas como é um dia na vida de um arqueólogo subaquático? De um modo muito resumido, pode dizer-se que a alvorada se faz cedo e normalmente os trabalhos dividem-se em dois turnos, distribuídos por equipas de dois ou quatro mergulhadores. Nas profundezas, faz-se o trabalho de campo. «Levamos fitas métricas, tomamos as medidas do barco, posicionamos todos os vestígios», descreve Inês Coelho, uma das arqueólogas-mergulhadoras da equipa.

Faz-se o levantamento das peças, o respectivo inventário e o registo fotográfico. À superfície, no final do dia, preenchem-se as fichas de mergulho, com «todo o levantamento de peças e do que apareceu no local, retratando o trabalho do dia», que é fixado no papel.

Finda a campanha, que pode durar vários meses, cobre-se o achado submarino com uma manta de geotêxtil (um material especial que permite salvaguardar o acervo dos caprichos das correntes marítimas), sobreposta por sacos de areia.

No caso de Angra D, prevê-se que os trabalhos durem mais quatro anos. Mas o CHAM está noutras frentes em terra, na Síria e em Marrocos. O financiamento não permite produções à Indiana Jones, mas garante ao grupo da UNL – a «única universidade do país a ter uma especialidade em arqueologia subaquática», assegura João Paulo Costa – uma continuidade algo inédita na arqueologia portuguesa.


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http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=172647&dossier=Universidades

 

 

 

 

PAULO ALEXANDRE MONTEIRO

 

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