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[Archport] Descoberto importante povoado do Calcolítico (Sabugal)

To :   "ARCHPORT" <Archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Descoberto importante povoado do Calcolítico (Sabugal)
From :   Manuel Leitão <manuel.leitao@cm-castelobranco.pt>
Date :   Fri, 9 Jul 2010 14:45:14 +0100

Descoberto importante povoado do Calcolítico na Aldeia da Ponte (Sabugal)
Escavações arqueológicas realizadas entre Fevereiro de 2009 e Maio de 2010 no Alto de Santa Bárbara, em Aldeia da Ponte, no concelho do Sabugal, revelaram a existência de um extenso povoado do período do Calcolítico.
Os trabalhos foram efectuados pelo Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal do Sabugal, pelos arqueólogos Marcos Osório e Paulo Pernadas, numa área de 1.200 m2, para onde está projectada a construção de uma moradia.
Segundo o arqueólogo, numa primeira fase foram abertas 5 sondagens que confirmaram ?que toda a área estava cheia de estruturas arqueológicas?. Então, com recurso a meios mecânicos, foi retirada a camada superficial em toda a área objecto da construção da moradia para colocar à vista a totalidade das estruturas arqueológicas, tendo sido encontradas manchas de terra escura, de tendência circular, associadas a alguns empedrados, no meio do saibro. ?As manchas de terra escura correspondiam aos entulhos e enchimentos que preenchiam uma diversidade muito complexa de fossas, valas e buracos abertos na rocha granítica. Depois de retirado o recheio destas cavidades, foram identificadas 14 estruturas negativas (construções abertas pelo homem na rocha), algumas com 2 metros de diâmetro, outras com 6 metros, e inclusive um enorme fosso com cerca de 25 metros de extensão, por cerca de 3 metros de largura?, contou Marcos Osório ao Jornal A Guarda. Acrescentou que as estruturas ?também variavam na profundidade?, entre os 50 centímetros e os 1,5 metros.
?Estas estruturas negativas são restos de um povoado e de uma comunidade que ali habitou, da qual sobram apenas estes vestígios de habitat, porque os outros, como a madeira e o colmo, degradaram-se com o passar dos anos?, explicou.
Admitiu que as cavidades maiores ?serão fundos de cabanas? e as mais pequenas seriam buracos onde assentavam postes que suportavam as coberturas das cabanas, outras corresponderiam a lareiras, lixeiras e silos. Quanto ao ?fosso, seria uma barreira defensiva?, referiu. No interior das cavidades foram recolhidos muitos materiais, como pontas de seta e facas talhadas em pedra, machados, escopros e goivas de pedra polida, contas e pendentes de colares em pedra exótica, mós de vaivém (para moer os cereais), percutores e bigornas (para fabrico de instrumentos de pedra lascada), pesos de tear feitos em cerâmica ou em seixos do rio, e a cerâmica doméstica. ?Foram encontrados mais de 6 milhares de fragmentos de cerâmica. E, tratando-se este período do Calcolítico, de uma era em que o homem teve algumas preocupações decorativas na cerâmica, foram encontrados alguns fragmentos muito interessantes, com uma multiplicidade de decorações, com mais de 20 soluções decorativas: entre motivos penteados, incisos, impressos e aplicações plásticas mamilares ou bolinhas de barro aplicadas no exterior dos potes. O responsável referiu que o povoado ?recua ao III Milénio a.C., numa altura em que o homem ainda não utilizava o metal, por isso, todos os instrumentos são feitos em pedra?.
Marcos Osório adiantou que a intervenção efectuada ?restringiu-se à zona onde vai ser construída a moradia, mas ela corresponderá, muito provavelmente, a um décimo da área total do povoado?, assumindo que ?há muito mais para ser escavado naquele sítio?. ?Sendo um povoado tão grande e tão rico em estruturas e materiais, é, por si só, já um sítio arqueológico muito importante na região?, declarou.
Indicou que ?não era conhecido na Beira Interior um povoado destas dimensões, composto exclusivamente de estruturas negativas, nomeadamente com um grande fosso defensivo? e que ?os paralelos mais próximos conhecidos encontram-se no Alentejo e na região de Madrid (Espanha)?.
Agora que os trabalhos arqueológicos estão concluídos, o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal do Sabugal vai enviar um parecer ao IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) que é favorável à construção da moradia. ?Como foi tudo escavado e estudado e o que sobrou foram apenas estas cavidades abertas no saibro, de difícil conservação, não se verificam quaisquer impedimentos para a construção da casa?, explicou. No entanto, ressalva que, futuramente, qualquer pedido de construção para aquela área ficará dependente de um processo idêntico àquele que agora foi realizado.

In ?Jornal A guarda?, Edição de 1-07-2010 (http://www.jornalaguarda.com/index.asp?idEdicao=358&id=19614&idSeccao=4887&Action="">


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