Re: [Archport] Governo vai retirar da lista património protegido por lei

[Sérgio Carneiro <sergiocarneiro@yahoo.com>]

«"A caducidade dos processos "em vias" desde há muito tempo irá permitir, por assim dizer, um saneamento processual e pode ser que este, se for bem conduzido, traga vantagens, especialmente sensíveis em áreas densamente urbanizadas", observa Paulo Pereira, antigo responsável do Instituto Português do Património Arquitectónico.»…« "A nossa relação com o património não deve ser só de saudosismo", refere por seu turno a directora regional da Cultura do Algarve, que deixa no ar uma pergunta: "Por outro lado, classificar implica tratar, cuidar. Haverá capacidade de ter tantos monumentos classificados?"»

In Henriques, Ana «Opiniões dividem-se quanto à legislação: "Saneamento necessário" ou "machadada"?» Público, 16/08/2010

 

 

Parece-me que nesta matéria o governo está a pecar por defeito, faltam-nos líderes com a visão de um Teófilo de Alexandria, um Cortes ou, mais recentemente, de um Mulá Omar, todos três grandes demolidores de monumentos.

Não basta desclassificar os monumentos e esperar que seja a sociedade civil a destruí-los paulatinamente, exige-se do estado um maior dinamismo. Talvez a directora regional da Cultura do Algarve, Dália Paulo, fosse a pessoa ideal para levar a cabo uma política eficaz de desmonte sistemático de todos os monumentos portugueses: só então poderíamos ter uma atitude de verdadeiro saudosismo em relação a eles.

As áreas onde os monumentos se encontram implantados, algumas das mais panorâmicas e centrais do país, seriam vendidas em hasta pública, salvaguardando, claro está, os direitos dos promotores que tenham laços de amizade, familiares ou de filiação partidária com o governo ou autarcas, bem como os membros da família real britânica, tal como consagrado nos tratados de Metween e Freeport.

Quanto às pedras resultantes do desmonte, seriam vendidas em kits com instruções de remontagem tipo Ikea ou então moídas para inertes que seriam fornecidos a título de incentivo à construção, para o fabrico de betão. Em alternativa, podia construir-se um monumento ao Pato Bravo Português, sob a forma de paredão contínuo recobrindo todas as arribas do litoral do país, resolvendo-se assim o problema da erosão das mesmas.

 

Sérgio Carneiro