[Archport] Um dos enormes problemas da arqueologia portuguesa.

[Manuel Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>]

Tenho acompanhado, com algum cepticismo, o desenvolvimento do tema, desde que Carlos Fabião revelou o comentário no PÚBLICO.

E a primeira congeminação que me assaltou o pensamento foi: bem, não é propriamente um dos enormes problemas da arqueologia portuguesa, é um dos enormes problemas da cultura em Portugal e da política de cúria do património em geral.

O episódio em si, tem barbas. Vivi quase vinte anos em proximidade com o local e sempre assim foi, com breves excepções intercalares.

Eu visitei recentemente o Museu de Conímbriga. Visitei o Museu de Etnografia. Visitei, tentei visitar, visitei, tentei visitar… E á assim um pouco por todo lado, onde não é assim é porque as comunidades locais imprimiram com os seus meios próprios a dinâmica dos lugares.

Um enorme problema é não existir ainda qualquer definição credível e operacional para a política museológica e ter-se regressado ao debate dos problemas teóricos e metodológicos para justificar a inércia.

E para a arqueologia é continuar tudo por definir. Nada se saber ainda acerca do futuro do MNA. Nada se saber acerca das intenções ou programa de enquadramento do exercício profissional da arqueologia. Não existir um modelo de sustentabilidade da arqueologia, alternativo ao caos do modelo da viabilidade empresarial como imperativo axial.

Enfim… um enorme problema é tudo. Mas o maior problema é não haver problema algum.

E a cultura vai apenas na procissão da saúde, da educação, do emprego, enfim, na procissão do problema.

E enquanto a saúde, a educação e a cultura continuarem a ser congeminadas dentro da lógica da razão entre os ‘’inputs’’ e ‘’outputs’’ financeiros, não há problema algum. Há um cenário ilusório de irrealidades.

Seja, para revigorar a ‘’res publica’’ que se exibe centenária, privatizem-na e ponham-na a render. Costuma chamar-se a isto prostituição.

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Manuel de Castro Nunes