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[Archport] Parque Arqueológico de Braga para quando?

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Parque Arqueológico de Braga para quando?
From :   Francisco Lemos <sandelemos@gmail.com>
Date :   Wed, 17 Nov 2010 11:51:34 +0000

De acordo com a notícia divulgada pelo Diário do Minho (em 15 de Novembro último), o Projecto do Parque Arqueológico de Braga e a musealização da insula das Carvalheiras foram adiados para as calendas gregas, talvez para São João nunca mais.

Estes objectivos foram apresentadas como uma das bandeiras da candidatura autárquica do Partido Socialista nas últimas eleições.

A ideia da valorização da insula das Carvalheiras já se arrasta há décadas e poderia ter sido executada no tempo em que o dinheiro era barato, não fosse o desinteresse municipal e da entidade da tutela, uma história lamentável que espero ainda poder contar em detalhe se as Parcas mo permitirem.

Quanto ao Projecto do Parque Arqueológico de Braga que incluía como elemento mais relevante a valorização do Teatro romano de Bracara Augusta (o único ao ar livre conhecido até hoje em Portugal) é mais recente. No entanto poderia ter sido implementado, mesmo num contexto em que o dinheiro já subia de preço, se para tal houvesse vontade, pois em 2005 já estavam disponíveis os dados científicos para o efeito.

O Governo optou por projectos inúteis e dispendiosos das quais a do Museu dos Coches é um triste exemplo que ficará para a História. Por sua vez a autarquia de Braga sempre preferiu obras inúteis e discutíveis, em vez de promover a identidade da urbe.

O conhecimento científico que se adquiriu acerca de Bracara Augusta é vastíssimo, está preservado e nem sequer foi integralmente desenvolvido. Conseguiu-se contra ventos e marés consagrar uma área nobre e devotada ao património arqueológico no interior da cidade, embora aquém do que se pretendia inicialmente.

No Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa encontram-se recolhidas e tratadas as colecções de materiais e exibe-se parte do imenso acervo recolhido durante décadas de escavações. Existem muito hectares de reserva de terrenos para futuros trabalhos arqueológicos. O que se lamenta é a circunstância dos bracarenses, portugueses e estrangeiros não poderem usufruir completamente do saber adquirido. 

Como não foi possível liquidar a dinâmica científica as forças ocultas inimigas constantes do Projecto de Bracara Augusta criaram todos os obstáculos possíveis ao usufruto público.

A Doutora Manuela Martins, Presidente da Unidade de Arqueologia da UM, tem sempre lutado com grande coragem, energia e determinação para garantir que a vertente de divulgação pública de Bracara Augusta se concretize, mas enfrentou adversários demasiado poderosos e infiltrados.

Os principais responsáveis pela limitada valorização do património arqueológico e histórico da cidade têm sido o engenheiro Mesquita Machado e os seus cúmplices na Administração Pública.

José Saramago apresentou a Península Ibérica como uma jangada de pedra à deriva. Humildemente julgo que Portugal é um bunker corrompido e corroído, onde  a esperança tem sido devorada. 

Para que o bunker não se afunde temos de continuar a resistir.

Francisco Sande Lemos 







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