[Archport] MESTRADO EM ARQUEOLOGIA FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA
Mais uma tese de mestrado em Arqueologia na FL-UL:
9- Maria Inês Varela Raimundo - Cerâmicas islâmicas da Alcáçova de Santarém: as fossas 33, 34, 45, 47, 48, 50, 54, 56, 57, 58, 65, 86, 534, 535 e 537
- 20/01 - 15h, Sala 5.2.
E uma pequena reflexão: as sequências de formação académica são, como tudo na vida, problemáticas. Apesar do ensino dito gratuito, o universitário nunca o foi. E a estratégia liberal, primeiro, e neo-liberal, depois, nunca permitiu que o fosse. Vejam-se os custos de algumas propinas, outra velha questão. Em 1968, havia 4% de filhos de operários nas universidades portuguesas (operários bem comportados, entenda-se). Agora as coisas mudaram e muito, ainda que, como sempre, não sejam fáceis. Muitos dos que criticam o actual sistema não fazem a mínima ideia do que se passava aqui nos anos 60 e antes do Maio de 68 a Academia portuguesa levantou-se (e foi posta no que alguns pensavam que era o seu lugar, a formação de quadros para o regime, a boa e velha universidade napoleónica de que temos ainda hoje tão notáveis exemplos...).
A negociação de um sistema de bolsas melhorou a coisa, mas criou um novo perfil, o do bolseiro eterno, que fica, ao fim do pós-doc sem emprego o que é mau, e em alguns casos, absurdo, considerada a qualidade efectiva da sua investigação. Para isso é que os espanhóis criaram as bolsas Ramon y Cajal. A que há anos concorreu um pós-doc com 9 livros publicados e quase 100 artigos... que era caixa no El Corte Inglés. Ora Portugal não é apenas um país pobre, é um País que sempre encarou a cultura com rancor ou, no mínimo, com desconfiança. Claro que as Universidades esclerosadas, impedidas de adquirir sangue novo, controladas por vezes por grupos que se protegem entre si e trocam favores, também não ajudam. Mas alguns fazem o melhor que podem. E no melhor dos mundos não vivemos. E a Cultura em Portugal é um universo extraordinário, gerido de forma indescritível, com a maior indiferença pelo capital patrimonial e pelo capital humano que ainda temos. Que fazer?, como dizia o outro. Aceitam-se sugestões, mas efectivá-las é outra coisa, infelizmente.
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Prof. Victor S. Gonçalves
Centro de Arqueologia - Faculdade de Letras
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