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[Archport] “A geração à nora” da arqueologia portuguesa

To :   ARCHPORT <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] “A geração à nora” da arqueologia portuguesa
From :   Maria Moreira Baptista de Magalhães Ramalho <mariabaptistaramalho@hotmail.com>
Date :   Wed, 16 Mar 2011 01:30:39 +0000

 A geração à nora” da arqueologia portuguesa

 

Há cerca de 200 anos um monge Zen do Japão descobriu que um ladrão lhe tinha roubado todos os seus escassos haveres foi então que escreveu este curto poema:

“O ladrão deixou a lua na janela”

 

Hogen Yamahata

 

 

Após a leitura do texto/alerta da Jacinta Bugalhão e para quem como ela já tem alguns anos de experiência acumulada e conhece bem a realidade por dentro, só pode de facto concluir que esta não é a hora da apatia, tanto para aqueles que dentro das estruturas ainda acreditam que é importante uma boa gestão do património, como para os de fora que ainda têm nesta actividade o seu modo de vida.

Assistimos nos últimos tempos a todo tipo de tentativas para que se desmobilizem aqueles que ainda mexem e que ainda acreditam que é possível fazer melhor. O caso de instituições como Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (para só dar um exemplo) são bem o resultado das tácticas utilizadas ao longo dos anos, para que no fim só reste confusão, burocracia, imobilismo, inoperância e descrença. Estes são também os objectivos para as instituições que ainda gerem o património, particularmente a arqueologia que mais acção tem no terreno e que mais intervém no ordenamento do território. Não interessa a eficácia dos serviços pois parece que se gasta e se interfere demasiado, o que interessa agora é garantir a manutenção de um sistema politico e económico autoritário e cheio de ambição, que pouco se importa com a defesa do ambiente o do património. ACABE-SE COM ELES! sentimos nós todos os dias e se não é à bruta, por covardia, é aos poucos, como se tem assistido nos últimos tempos….

A cada ano que passa agrava-se a situação e se ainda algo mexe no sector que gere a arqueologia portuguesa é porque existem meia dúzia de loucos que vão remando contra marés e tsunamis, procurando salvar um barco que não tem comando mas que se for ao fundo todos nós perdemos, perde o país, perde a classe… de nada serve apontarmos agora os erros e defeitos do que existe (como é sempre a tentação bem portuguesa), como também de nada serve, sobretudo numa altura de crise, a apatia generalizada. Perante as adversidades só nos resta mesmo rebelarmo-nos e afirmarmos a nossa posição através do trabalho e da exigência, exigindo respeito pelas instituições, exigindo condições de trabalho mínimas para que dentro da tutela possamos exercer as nossas competências que são de interesse nacional, exigindo respeito pelos profissionais que num mercado com tão graves problemas possam continuar a produzir e a contribuir com o seu trabalho para o conhecimento e para a economia nacional.

Ao longo dos tempos por todas as lutas por onde andei aprendi que poucos podem fazer a diferença mas nenhuns deixam campo aberto para que outros façam o que não devem.

 

Maria Ramalho

 


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