Dois
mil azulejos seiscentistas roubados de palácio de Vialonga
22.03.2011 - 11:36 Público, por Jorge Talixa
Perto de 2000 azulejos do século XVII, que representam
cenas da vida de Santo António, foram roubados, nas últimas semanas, da capela
do Palácio da Flamenga, em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira.
O desaparecimento dos azulejos está a ser
investigado pela Polícia Judiciária, tendo o furto sido descoberto quando um
grupo de professores e alunos de uma escola da freguesia pediu para visitar o
velho palácio, que está desocupado há mais de 20 anos, desde que foi encerrada
a extensão do Hospital de Vila Franca de Xira que funcionou nas suas
instalações.
O edifício pertence ao património do Estado e está a cargo da Direcção-Geral do
Tesouro e Finanças, que cedeu à Câmara de Vila Franca. O município, por sua
vez, cedeu-o à Fundação CEBI de Alverca, que ali pretende construir uma unidade
de cuidados continuados com capacidade para 150 camas.
A recente decisão do Governo de deixar de devolver os montantes de IVA que
recebe por obras de construção de equipamentos desenvolvidas por instituições
particulares de solidariedade social poderá, no entanto, inviabilizar esta
unidade de saúde.
A capela é considerada a parcela mais notável do Palácio da Flamenga, que foi
construído no século XVII. Estava forrada de azulejos e todo o seu interior é
também marcado por “um excelente trabalho do século XVII de embrechados
de mármore branco, negro e rosa, único no concelho”, refere uma nota da
Câmara de Vila Franca de Xira. Já em 2008, os sucessivos roubos de materiais do
interior do palácio levaram as autarquias locais a entaipar as portas e janelas
com tijolo. Agora, descobriu-se que, através de um buraco feito na parede das
traseiras da capela, alguém foi roubando os azulejos, avaliados em mais de 40
mil euros.
Maria da Luz Rosinha, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca, admitiu,
em recente reunião camarária, que, nas actuais condições, a Fundação CEBI pode
desistir de construir ali uma unidade de cuidados continuados. “Neste
momento, não há candidaturas abertas para apoios à construção de unidades de
cuidados continuados e as que havia tinham uma comparticipação de 750 mil
euros. Tendo em consideração o volume financeiro que aquela obra vai atingir,
isso não seria impeditivo. A instituição já tinha negociado com a banca, mas a
verdade é que a decisão de ter que pagar o IVA de 23 por cento quando estamos a
falar de uma obra de 6 a 8 milhões impede completamente o desenvolvimento do
projecto”, explicou a autarca. Maria da Luz Rosinha frisou que, neste
momento, as uniões de instituições particulares de solidariedade social e de
misericórdias “estão a tentar que a taxa de IVA para estas instituições
venha a ser de 6 por cento a exemplo das autarquias”, mas até agora sem
resultados.
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