[Archport] POR QUEM DOBRAM OS SINOS NO CARRASCAL (Ferreira do Alentejo)?

[Rui Boaventura <boaventura.rui@gmail.com>]

POR QUEM DOBRAM OS SINOS NO CARRASCAL (Ferreira do Alentejo)?  Será pela EDIA com certeza, que coloca em questão o seu próprio investimento!

 

Tenho acompanhado à distância e com algumas visitas realizadas ao longo do últimos meses o processo de salvaguarda dos sepulcros do tipo gruta artificial detectados próximo do grande povoado com fossos de Porto Torrão. Se este se encontra hoje minimamente salvaguardado, em vias de classificação, os sepulcros do Carrascal encontram-se em risco de destruição acentuada. Se não vejamos:

 

No âmbito dos acompanhamentos da EDIA (cujo saldo é positivo) foram detectados aqueles sepulcros e iniciou-se a sua escavação. O potencial científico e patrimonial desta intervenção justifica-se, pois pela primeira vez aquelas realizadades foram encontradas antes de qualquer destruição parcial resultante dos acompanhamentos, permitindo perceber globalmente as suas utlizações - afinal são dois sepulcros com dezenas de indivíduos depositados e seus respectivos espólios e cronologias. Daí que a intervenção se tenha desenrolado por vários meses com duas equipas distintas (e aqui não entro na discussão da sapiência de mudar equipas a meio do jogo, decisão autorizada pelo IGESPAR). O que ocorreu é que a segunda fase terminou em Janeiro deste ano, porque a EDIA recusou pagar mais um centavo para o avanço dos trabalhos e o IGESPAR avalizou esta intenção. Compreendo que o erário público, ainda sob a capa de uma empresa pública, tem os seus limites, mas proibir que fosse tentado obter fundos noutros locais para completar a intervenção e pressionar para que o sítio seja rapidamente enterrado, leva-me a deduzir alguma má-fé da EDIA  - afinal como se salvaguardam os dois sepulcros semi-escavados enterrando-os sob canalizações de água?

 

Enfim, num período de descrença e de encenações duvidosas, questiono se não haverá outra solução que não o enterramento de uma importante realidade arqueológica dos 4º e 3º milénios a.n.e. que só é compreensível com a escavação integral - ainda por cima quando provavelmente seria possível encontrar fundos para continuar os trabalhos!...

 

Rui Boaventura

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Albert Einstein