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[Archport] Marinha recupera canhão furtado nas barbas da DRC

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Marinha recupera canhão furtado nas barbas da DRC
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Sat, 28 May 2011 14:23:31 +0100

Ora aqui está um bom exemplo do que significa alertar e sensibilizar a comunidade para o valor do património arqueológico que jaz nas suas imediações. 15 anos depois, começam a ver-se resultados.



Marinha recupera canhão furtado nas barbas da DRC

Diário dos Açores, Sexta, 27 Maio 2011 21:17

Alertada ontem pelo Diário dos Açores do roubo de um canhão de bronze na zona marítima da Ponta Garça, a Marinha – Autoridade Marítima Nacional, através do Comando Local da Polícia Marítima de Ponta Delgada, realizou uma operação de investigação que culminou na recuperação da peça. Alertada cerca das 9h00, pelas 12:00 horas a Polícia Marítima já tinha identificado dois indivíduos do sexo masculino como supostos autores materiais do furto e, pelas 13:00 horas, localizado e recuperado o canhão, que se encontrava na posse de um dos indivíduos identificados, em lugar privado, na localidade de Ponta Garça.

O canhão foi transportado para Ponta Delgada pelos meios da Autoridade Marítima e a meio da tarde foi entregue ao Museu Carlos Machado, de acordo com instruções de técnicos da Direcção Regional da Cultura. O Museu foi constituído fiel depositário da peça, que agora está envolvida num processo judicial. A diligência foi supervisionada pelos Serviços do Ministério Publico de Ponta Delgada e levada a cabo com a colaboração da Polícia de Segurança Pública, Unidade de Polícia de Vila Franca do Campo.

O canhão, em bronze, tem cerca de 1,2 metros e foi colocado num recipiente estanque, onde ficará embebido em água doce durante pelo menos um mês, no sentido de ser dessalinizado. O seu futuro, no entanto, ainda não está traçado. Mas felizmente que o seu estado estava intacto!

A reportagem do Diário dos Açores de ontem, no entanto contava uma imprecisão: o facto é que a Direcção Regional da Cultura não estava a par da retirada do canhão, tomando também conhecimento dela através da nossa reportagem.  Na realidade, a DRC foi ludibriada.

O que se passou foi que a DRC tinha mandado ao local uma equipa de técnicos, entre os quais aparentemente a única arqueóloga que desempenha essas funções na Divisão do Património Arquitectónico daquela direcção regional. As fotografias ontem publicadas dizem respeito a essa acção, que segundo comunicado da DRC é descrita da seguinte forma: “No passado dia 20 foram contactados o Museu Carlos Machado, para que criasse condições de recepção e tratamento da peça em questão, bem como o Sr. Capitão do Porto, informando-o da hora e das coordenadas exactas da sua localização. A avaliação da peça foi feita com medições, fotografia e libertação de elementos que estavam a causar desgaste na peça, após o que foi efectuada uma tentativa de remoção, que foi abortada por não se encontrarem reunidas as condições de segurança para o transporte para o Porto de Vila Franca do Campo. Face à impossibilidade de recolha da peça através dos meios disponíveis, foi solicitada eventual colaboração à Capitania do Porto de Ponta Delgada para que, caso possuísse os meios necessários para o efeito, procedesse à conclusão da sua remoção e à sua deposição para tratamento preventivo no Museu Carlos Machado”.

O facto é que quando a equipa se retirou do local, a outra embarcação terá furtado o canhão da forma como foi ontem descrita.

O secretismo que envolveu a operação da DRC, assim como a ausência da devida Resolução do Governo e o não envolvimento das autoridades locais, como a Câmara e o Museu da Vila Franca, terá facilitado o trabalho dos alegados ladrões, uma vez que o local não apresentava nenhum interesse especial.

Outra das consequências da nossa reportagem foi o alerta que se começa a generalizar sobre outros artefactos históricos que se encontram em diversos locais da ilha, nomeadamente na zona de Vila Franca. Um leitor do DA, conhecedor da história local, garantiu-nos ontem que na Ribeira das Tainhas existe também um canhão de bronze, e neste caso de grandes dimensões, que por vezes é visto num areal especialmente durante o Inverno. 

Mesmo a zona do Ilhéu de Vila Franca parece ter no fundo ainda muitas âncoras e inúmeros canhões, devido a uma batalha que ali decorreu entre franceses e espanhóis no século XVII.
Mas não parece haver propriamente uma dinâmica visível ao nível da recuperação deste património e o seu aproveitamento cultural e até turístico. E este episódio pode também contribuir para uma alteração da situação – mas isso só o futuro dirá!

http://diariodosacores.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=10066%3Amarinha-recupera-canhao-furtado-nas-barbas-da-drc&catid=17%3Adestaquescultura&Itemid=33



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