Arqueologia municipal prolonga iniciativa “Vamos Azulejar”
A Câmara Municipal de Braga, através do seu Gabinete de Arqueologia, vai prolongar até 29 de Julho a iniciativa “Vamos azulejar”, com que pretende sensibilizar para a importância do legado patrimonial de que neste âmbito é fiel depositária. Tendo-se iniciado a 1 de Abril, dirige-se a um público particularmente infanto-juvenil e consubstancia-se em ateliês de pintura sobre azulejo. Estes ateliês – para grupos, de terça a sexta-feira, das 9h30 às 12h00 e das 14h30 às 17h00 – propõem-se abordar as diferentes técnicas de pintura em azulejo, do giz aos pigmentos cerâmicos, da corda-seca à técnica do claro-escuro. Neste âmbito, os participantes tomam também contacto, mediante visita guiada, com o conjunto azulejar da escadaria central do Convento do Pópulo, recentemente recuperado. Apreciam ainda a exposição de trabalhos resultantes da primeira edição do “Vamos azulejar”, que decorreu no verão passado, patente numa das alas reconstruídas do Convento do Pópulo. Neste âmbito, é ainda disponibilizado um desdobrável com informação sobre o revestimento azulejar do Convento do Pópulo, assim como o acesso a um quiosque multimédia, instalado na escadaria do edifício, onde pode ser visto um filme, que funciona como interface de divulgação e informação sobre o processo de restauro realizado. Os interessados em frequentar estes ateliês devem proceder, obrigatoriamente, a uma inscrição prévia, que podem fazer pelo telefone 253 203 150 ou pelo correio electrónico arqueologia@cm-braga.pt. A construção da igreja e convento do Pópulo iniciou-se em finais do século XVI, por ordem do arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus, com o intuito de albergar o seu jazigo. Ao longo do século XVIII foram introduzidas diversas alterações de carácter barroco, ainda hoje visíveis em múltiplos elementos decorativos do interior da igreja e no revestimento azulejar da escadaria nobre do convento. Este conjunto de azulejos enquadra-se no período da azulejaria portuguesa denominada como “ciclo dos mestres”, que se destaca pela monocromia azul e pela contratação de pintores de cavalete para a execução dos painéis de azulejo, que pretendiam conferir o efeito de tridimensionalidade ao espaço onde estavam inseridos. Iconograficamente, apresentam temas religiosos, directamente relacionados com a ordem religiosa que ocupava o convento, a Ordem dos Ermitas de Santo Agostinho. Em finais do século XVIII, e sob a autoria do engenheiro e arquitecto Carlos Amarante, procedeu-se a obras de reconstrução, conciliando as matrizes barrocas com o neoclássico, recebendo o conjunto edificado a imagem que chegou até nós. Após 1834, altura em que a ordem que ocupava o convento foi extinta, o imóvel foi transformado em quartel militar, perdurando essa função até à última década do século XX, altura em que foi adquirido pela Câmara Municipal de Braga, que iniciou os trabalhos de restauro e reabilitação necessários à salvaguarda do imóvel e à instalação dos serviços municipais. Em 2006, com a colaboração do Instituto do Património Arquitectónico e Arqueológico, o Município iniciou estudos que conduziram à intervenção de restauro deste revestimento azulejar da escadaria, trabalhos que tiveram por base o levantamento do estado de conservação e o recurso ao uso de réplicas, colmatando lacunas que impediam a completa leitura e percepção estética do silhar de azulejo. Saúde e fraternidade, António Correia |
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