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[Archport] Ainda a escrita do SW ora português

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "histport" <histport@ml.ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Ainda a escrita do SW ora português
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Sat, 23 Jul 2011 20:01:59 +0100

Neo-hititas em Portugal

 

            Foi apresentado a 20 de Junho o livro, da autoria de Augusto Ferreira do Amaral, intitulado Neo-histitas em Portugal [Alethêia Editores, Lisboa, 2011, ISBN: 978-989-622-380-9].

            Como o subtítulo indica, aí se debruça o autor sobre «a escrita e a língua do Sudoeste na 1ª Idade do Ferro do Baixo Alentejo e Algarve (séculos VIII a IV antes de Cristo)». E o livro resulta da revisão e actualização da obra que, com o mesmo nome, foi galardoada, em 2005, pela Academia Portuguesa de História com o Prémio Aboim Ascensão, e que não chegara a ser publicada.

            464 páginas, em que, depois de se fazer o ponto da situação acerca desta magna questão da decifração deste tipo de escrita, se explicita o método seguido e se dá conta dos vestígios disponíveis e dos contextos arqueológico e paleoetnológico em que devem ser integrados. O estudo do valor e da origem dos signos presentes nas estelas e um olhar sobre as escritas próximas levam o autor a propor a origem da escrita do SW e a sua relacionação com a Anatólia, identificando a língua; e, após ter feito a transliteração das inscrições e a tradução de algumas delas, adianta apontamentos semânticos, reflexões sobre o léxico e a onomástica, para propor, como conclusão, que «a escrita do SW veio para a Península Ibérica originária da Anatólia, onde se gerara como misto de alfabeto e silabário, baseada num alfabeto canaaneu, próximo do aramaico e do fenício, em época chegada àquela em que apareceram os alfabetos gregos mais antigos, e adaptada sob a influência da escrita silabária então dominante na Ásia Menor, e nalguns casos do silabário cipriota ou doutras fontes do Mar Egeu» (p. 299).

            Esses «letrados sul-anatólicos» não terão desaparecido na 2ª Idade do Ferro, sob a invasão celta. Topónimos como Ourique, Mértola, Serpa, Selmes, Silves, Salácia, Monchique, entre outros, aí estão a documentá-lo. De resto, entre os séculos VII e IV a. C., sublinha o autor, o hábito de escrever já estaria bem arreigado nas gentes que povoavam esse território, certamente, porém, em materiais perecíveis: «Aos dias de hoje só chegaram, por isso, as inscrições em pedra e escassos grafitti» (p. 305).

            Extensa bibliografia e circunstanciado índice onomástico e remissivo completam o volume, que se apresenta, pois, como mais uma achega na tentativa de deslindar tão fundo mistério como o é este da origem e significado dos signos patentes em estelas do nosso Alentejo e Algarve, datáveis de antes da chegadas dos Romanos e a que já se dedica um museu, em Almodôvar, o MESA - Museu da Escrita do Sudoeste, de Almodôvar, inaugurado em Outubro de 2007.

 

                                                                                                                                                                     José d’Encarnação

           

 


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