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Re: [Archport] Pedido de informação: número de participantes voluntários não arqueólogos?

To :   Leonor Medeiros <lapmedeiros@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Pedido de informação: número de participantes voluntários não arqueólogos?
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Fri, 26 Aug 2011 00:56:50 +0100

Dada a sua especificidade, a arqueologia subaquática conta com muitos voluntários nas suas fileiras. 

Em primeiro lugar porque é escasso o número de arqueólogos formados e habilitados a trabalhar em meio subaquático e depois porque existe um interesse enorme por parte da comunidade mergulhadora pelos sítios de naufrágio. Esse interesse, geralmente, leva a que os mais entusiastas adquiram algum tipo de formação ad-hoc em arqueologia; no caso de Portugal tal aconteceu com os cursos ministrados pela Arqueonáutica e acontece ainda com ministrados no âmbito da Nautical Archaeological Society inglesa, que "concessionou" o seu programa educativo no país a alguns formadores.

Outra questão, que não é despicienda: diz-me a prática que a esmagadora maioria dos licenciados em arqueologia que praticam a sua arte em meio submerso o fazem geralmente apenas com a formação de mergulho mais básica e que, muitas vezes, nem equipamento seu possuem, tal como muito escassa é a sua experiência debaixo de água o que levanta imediatamente vários problemas, não só a nível da qualidade e exactidão do registo obtido como também em termos de segurança pessoal (poderá alguém que está a ficar sem ar a 25 metros e que está desconfortável com um equipamento que não conhece fazer um bom trabalho?). 

Aqui, o poder-se contar com um conjunto de voluntários, altamente motivados, altamente experientes, altamente certificados e extremamente bem equipados (com equipamentos pessoais que podem facilmente atingir o valor de 5 ou 10 mil euros, ou mais) é fulcral, Num projecto de arqueologia subaquático pelo qual sou responsável e que entrará brevemente em marcha, sem estes voluntários (que são médicos, gestores editores, engenheiros, topógrafos, biólogos, arquitectos, pilotos de linha aérea, etc.) muito pouco se faria.

Para além disso, há, claro, que ter em conta aquilo que deveria sempre constar dos nossos objectivos: envolver a restante sociedade civil nas questões da protecção, estudo e salvaguarda do património.

Já agora, e como o nosso projecto se desenvolve seguindo a Convenção da UNESCO para a Protecção do Património Cultural Subaquático, aqui segue o que tem a UNESCO a dizer sobre o assunto (sublinhados meus):

"Qualification of personnel - mixed diving teams

 

As noted in Chapter VII Competence and qualifications, it is very likely that some projects will actively seek to include the participation of non-archaeologists (‘avocationals’) in order to encourage local involvement in underwater heritage management, capacity building, or provide technical training to interested parties. In development-led archaeology this may not be appropriate, especially not if archaeological services are tendered out, or where developers pay for specified archaeological research. Professional relationships should then be the norm. However, in exploratory archaeology and research projects that are funded independently, there can be great advantages in including interested avocationals.

Avocationals

Avocationals usually do not work in the field of archaeology, but choose to explore or to participate in archaeological work in their free time. In fact, avocationals often are the first to identify sites and report them. They may explore areas where archaeologists who are professionally employed will not have looked. If this leads to further assessment and research, it is often a matter of courtesy to include the interested discoverer in the project. Avocationals are also available to participate in other ways. This can be very fortunate, as in archaeological projects one needs many skills besides strict scientific expertise and a variety of skills and qualifications are available in the non-professional community.

Avocationals' qualifications

Sometimes avocationals have the same diving qualifications as the archaeologists. It is then relatively straight-forward to develop a consistent safety policy, along the lines described above, that will cover the whole operation. It is a bit more complicated if the qualifications vary and are different for the volunteers and those who are employed professionally, especially where legal requirements differ for diving at work and recreational diving. Under some codes of practice it is then still possible to integrate the team. As always, specific tasks, such as wielding heavy equipment, being supervisor or standby diver, will only be allotted to those who have the competence and necessary qualifications for that task.

Regulations for avocationals

In other instances, regulations can be prohibitive for integration of those ‘at work’ and those who one would like to integrate for their recreation. It is then often possible to have two separate procedures for two separate teams, operating under different regulations and different chains of command, but, for instance, still referring to the same safety backup. Preparing a safety policy for such a situation is a somewhat more daunting task, in which employer responsibility, liability and insurance need to get as much extra attention as the division of tasks and the avoidance of interference of one team with the other.

Mixed-team diving can thus be complicated due to different organisational embedding of the participants, and different levels of expertise or standards of training received by team members in a country with varying requirements for recreational and professional divers. In some settings, this might even be further complicated if the project has a team comprised of international members. Nevertheless, international cooperation is very desirable (see Chapter I, Rule 8), and so is the involvement of local and recreational divers (Chapter XIV).

Basic requirements for avocationals

The inclusion and basic requirements of non-archaeologists will vary from country to country, and be determined by the regulating authority or those overseeing the project or dive operations. In order for the non-archaeologists to be included in a form of ‘responsible participation’, their skills and level of technical expertise must be taken into consideration. This is best facilitated by establishing their participation in the project dive plan, which should be specific to mixed teams. In all instances, communication procedures and agreement upon signals used should be clear, and operating and safety standards must be maintained at the same level for all participants. In some instances, particular codes of practice can offer a basic set of standards that guides the participants or projects with mixed teams (see applicable legislation).




Em 25 de agosto de 2011 17:14, Leonor Medeiros <lapmedeiros@gmail.com> escreveu:
 
Boa tarde,
 
Será que alguém me pode ajudar com uma informação:
 
Procuro ter uma ideia do número de participantes voluntários em escavações arqueológicas, que não são arqueólogos/estudantes de arqueologia.
 
Se me puderem dizer algo como: "dos 50 voluntários que tive este ano 40 eram arqueólogos/estudantes de arqueologia e 10 eram apenas interessados que vieram de outras actividades profissionais, como por exemplo informática"
Ou "Nunca ninguém me contactou nesse sentido", "Não aceito"
...
São úteis dados quer deste ano / ano passado/ ao longos dos últimos dez anos...
Noções das faixas etárias também podem fornecer informações interessantes.
 
O objectivo será integrar essa informação num artigo a realizar com a Agência Lusa sobre as pessoas que dão parte das suas férias para participar em trabalhos de Arqueologia. Para ter alguma percepção do interesse e adesão dos não arqueólogos nos trabalhos de campo em Arqueologia.

Será seguramente um valor relativo mas a questão suscitou interesse na redação e concordo que pode estimular o público e os profissionais.
 
Quem sabe, talvez um dia haja uma estrutura a nível nacional que permita afinar estes números?
 
 
Agradeço a atenção e as respostas.
 
 
Cumprimentos,
 
Leonor Medeiros
 
 


--
Leonor A. P. de Medeiros
 
Tel.: 96 603 21 26 / 91 301 67 47


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