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[Archport] Arqueologia: Voluntários à procura do passado

To :   <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Arqueologia: Voluntários à procura do passado
From :   "Paulo Monteiro" <pmonteiro@ntasa.pt>
Date :   Sun, 4 Sep 2011 15:42:07 +0100

Arqueologia: Voluntários à procura do passado

04 de setembro de 2011, 11:59

Num cabeço da Amadora rodeado de edifícios, um grupo de pessoas acocoradas remove o barro ressequido. São alguns das dezenas de voluntários que todos os verões optam pela arqueologia em troca de férias convencionais.

“Nós não somos esquisitos, basta que as pessoas gostem um bocado de fazer arqueologia para participar”, explica a coordenadora da escavação, a arqueóloga Gisela Encarnação, 39 anos, olhando para a meia dúzia de elementos que forma o grupo de trabalho.

Como ali, junto das paredes que restam do Moinho da Atalaia, noutros locais do país há quem opte por se sujeitar aos calores de agosto para ir à procura de vestígios do passado enquanto as praias atingem picos de lotação.

Em Mértola, onde o trabalho no Campo Arqueológico local trouxe para a luz do dia importantes testemunhos da presença islâmica em Portugal, o número de voluntários atingiu as quatros dezenas neste verão, tal como no ano passado.

“Querem ver se é como nos filmes”, brinca Fernanda Palma, arqueóloga a trabalhar na vila alentejana, admitindo que os filmes de Indiana Jones terão uma quota considerável de responsabilidade no aumento de estudantes interessados por descobrir vestígios das antigas civilizações.

Mas ir para o terreno é “mais difícil” do que assistir nos cinemas climatizados, assegura a investigadora, no que é acompanhada pela sua colega da Amadora, que classifica o trabalho de campo na arqueologia como “árduo e muito cansativo”.

Apaixonado por dinossauros, Diogo Matos, 11 anos, tem uma opinião parecida. Quando se dispôs a participar nas escavações junto ao Moinho da Atalaia, o aprendiz de arqueólogo achava que o trabalho seria mais fácil.

“Pensava que era com mais pessoas, [com a] ajuda de máquinas e que era lá mais fundo” e não apenas escavar a apenas um palmo abaixo dos pastos, como está a fazer.

Perante esta perspetiva, o mais novo voluntário do grupo da escavação da Amadora tem dificuldade em ver-se como futuro arqueólogo.

É verdade que, ao fim de várias manhãs passadas a picar e varrer, o espólio recolhido resume-se a umas falhas de sílex que mesmo os entendidos como Gisela Encarnação dizem ter para ali sido levados por mão humana, mas não arriscam dizer com que objetivos.

O projeto avançou no alto da colina porque nas encostas em redor foram encontrados vestígios de ocupação humana das idades do cobre, bronze e ferro, que abrangem os 3.000 anos que antecederam o nascimento de Jesus Cristo, o que indiciaria a presença de mais testemunhos materiais no topo da elevação, o que não aconteceu, explicou Gisela Encarnação à Lusa.

O que parece estar garantido é que o gosto pela arqueologia ganha-se no terreno, mesmo antes das universidades. Catarina Jerónimo, 24 anos, outra das voluntárias na Amadora, cresceu conciliando o gosto pela arquitetura com a arqueologia. Licenciou-se na primeira, mas continua a praticar a segunda.

“Assim posso juntar um bocado de cada uma”, explica enquanto vai varrendo e picando o quadrado demarcado com um cordel.

Gisela Encarnação também participou em escavações muito antes de sonhar vir a fazer do estudo da arqueologia a sua profissão. Ganhou o “bichinho” com apenas 15 anos e não tem dúvidas de que "quando alguém pensa fazer arqueologia deve experimentar primeiro”.

É fundamental o gosto pelo trabalho de campo na arqueologia? “Quem escava, escava por gosto”, assegura.

@Lusa

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.*


 

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