[Archport] Fwd: Aviso sobre a presença de diversos conteúdos inverosímeis, no capítulo sobre pré-história do manual de História do 5º ano da Texto Editores (revisão científica do Prof. Dr. Jorge de Alarcão)

[joão pereira <trainzeiro@gmail.com>]

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: joão pereira <trainzeiro@gmail.com>
Data: 27 de Outubro de 2011 10:02
Assunto: Re: [Archport] Aviso sobre a presença de diversos conteúdos inverosímeis, no capítulo sobre pré-história do manual de História do 5º ano da Texto Editores (revisão científica do Prof. Dr. Jorge de Alarcão)
Para: pedro_sanches@arcor.de


Bem haja o Alarcão, que revisão fez ele? Recebeu somente a narta?

No dia 26 de Outubro de 2011 15:45, <pedro_sanches@arcor.de> escreveu:

O manual de História (que também compreende as matérias de Geografia) do 5º ano da Texto Editores, escrito por Ana Oliveira, Francisco Cantanhede e Marília Gago (revisão científica do Prof. Dr. Jorge de Alarcão), contém uma quantidade elevada de informações inverosímeis e por vezes delirantes no capítulo sobre pré-história. Entre estas, contam-se as seguintes:

- Insinua-se que a agricultura e a pastorícia foram inventadas como meras reacções adaptativas a alterações climáticas.

Faltam dados que fundamentem esta tese positivista, que valida o velhíssimo pressuposto de que a cultura não passa de um sistema de meios “que servem para adaptar indivíduos e grupos aos seus ambientes” (Lewis Binford, 1968). E cada vez surgem mais investigações que revelam como essa tese é redutora e irrealista.


- Diz-se que as comunidades agro-pastoris passaram a adorar a chuva.

Qual é o fundamento científico desta asserção?


- Diz-se também que os primeiros aldeamentos camponeses “eram cercados para as comunidades se defenderem melhor dos (…) grupos inimigos”.

Porém, os aldeamentos fortificados não são uma realidade dos primeiros aldeamentos do Neolítico. Eles tornam-se vulgares, isso sim, no final desse período (na transição Neolítico final / Calcolítico), com a generalização de um clima de guerra pelo sudoeste da Península Ibérica.


- Representa-se numa ilustração um indivíduo de uma comunidade caçadora-recolectora a pintar, na parede de uma caverna, duas figuras humanas.

Gravíssimo: a arte parietal do Paleolítico Superior caracteriza-se pela quase absoluta ausência da representação da figura humana, ao contrário da arte das comunidades neolíticas.


- Afirma-se, sobre a arte rupestre do Paleolítico, que as pinturas, “geralmente, representam cenas de caça”.

É a mentira mais inaceitável de todas, o maior delírio de todo o breve capítulo. Inqualificável! (Cenas de caça?!)


Este manual é assim revelador de uma realidade nem sempre ponderada pelos arqueólogos: o facto de os debates em que estão envolvidos os pré-historiadores (debates esses que têm contribuído para pintar com novas formas e cores o quadro do nosso passado mais remoto) dificilmente se traduzirem no conhecimento que o resto da sociedade tem do seu passado. Inevitavelmente, impõe-se uma questão. Se esses debates não servem para a construção da memória colectiva, para que servirão então?


Pedro Duarte.
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