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[Archport] Alienar património é uma questão nova para os museus

To :   "museumunicipalvfxira" <sede@museumunicipalvfxira.org>, "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Alienar património é uma questão nova para os museus
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Wed, 9 Nov 2011 19:14:32 -0000

Alienar património é uma questão nova para os museus

Público 2011-11-09

E se os museus portugueses ponderassem alienar peças do seu património? O desafio foi feito no Porto pela museóloga Inês Brandão "Pode repetir?!" E Inês Fialho Brandão repetiu: "Os museus portugueses têm de começar a considerar a alienação de peças do seu património, e de entender isso como um acto normal de gestão, que não põe em causa o projecto cívico, nem o vínculo com o seu público."

A afirmação, proferida a meio da tarde de segunda-feira, no Porto, quando já iam adiantadas as intervenções da primeira jornada do duplo debate promovido pelo ICOM (Comissão Internacional dos Museus) Portugal, fez com que muitos dos participantes que praticamente lotavam o auditório do Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) se remexessem nas cadeiras. Inês Brandão, responsável pelo Farol - Museu de Santa Marta, em Cascais, e museóloga formada em Nova Iorque, citou exemplos americanos desta prática: o MoMA de Nova Iorque vendeu um Degas para adquirir Les Demoiselles d"Avignon; o Museu de Indianápolis divulga na Internet as peças que pretende alienar...

"É preciso repensar as colecções e admitir que há peças cuja conservação nos nossos museus se tornou num luxo", acrescentou a museóloga, dizendo que esse processo precisa, contudo, de ser desenvolvido "com transparência".

Luís Raposo e Graça Filipe reagiram logo à proposta que Inês Brandão enunciara na sua comunicação intitulada Pode repetir?! Quando os museus escolhem a alienação responsável. O director do Museu Nacional de Arqueologia e presidente da comissão nacional portuguesa do ICOM começou por aceitar que a frontalidade de Inês Brandão o fizera evoluir de "uma recusa liminar para uma atitude de ponderação". Mas ressalvou que a alienação de património de um museu não pode ser decidida só pela sua direcção, antes exige "um referendo mais amplo" da comunidade. Já no fim da sessão, em declarações ao PÚBLICO, Luís Raposo disse que esta é "uma questão quente e inovadora, mas muito controversa e para a qual não estamos ainda preparados". E citou o exemplo daquilo a que se assiste em Itália, onde o Governo Berlusconi decidiu a alienação de património "para pagar as contas correntes dos museus", algo que diz ser "inaceitável".

Graça Filipe, ex-directora do Ecomuseu do Seixal, também sabe que o excesso de reservas nos museus levanta problemas, mas defende que a prioridade "é discutir as políticas de incorporações, e para que servem os museus e os seus acervos". A directora do museu anfitrião do encontro, Maria João Vasconcelos, alertou para os riscos da alienação, dando o exemplo da colecção do histórico museu portuense João Allen, depositada no MNSR. "É um museu muito datado e, se estas questões se colocassem há três décadas, muitas das suas peças, a que hoje damos muito valor, teriam sido alienadas."

Sem surpresa, a questão da gratuitidade dos museus atravessou também as várias comunicações, com a maioria a manifestar-se a favor da manutenção dos domingos gratuitos. O mais veemente foi Luís Raposo, que citou um estudo recentemente divulgado em Inglaterra e acusou o secretário de Estado da Cultura de "falta de seriedade" quando acena com "um aumento de receitas" acima do milhão de euros. "No máximo, o aumento pode chegar aos 300 ou 400 mil euros, o que significa 1% do orçamento do Instituto dos Museus", não passando, por isso, de "uma questão de mercearia".

A iniciativa do ICOM completa-se hoje em Lisboa, com uma segunda jornada no Museu da Electricidade, em que serão debatidos Os Desafios da Política de Museus em Tempo de Crise. O ICOM propõe-se divulgar, depois, um documento com o diagnóstico da situação vivida pelos museus no actual contexto de crise do país.

 

Inglaterra

Visitantes aumentaram 150% numa década

 Os museus nacionais ingleses que introduziram o acesso grátis em Dezembro de 2001 registaram um aumento médio de visitantes na última década de 150,63%. Este é o resultado do estudo realizado este ano pelo Departamento de Cultura, Media e Desportos do Governo inglês. Nesta lista, ressalta o caso do Museu Nacional de Liverpool, que registou o maior aumento, com 269%, enquanto em Londres o que mais cresceu foi o Museu Marítimo (204%). Em contrapartida, os museus históricos londrinos que nunca cobraram bilhetes - o British Museum, a National Gallery e a Tate Gallery - só tiveram um acréscimo de visitantes de 22%.

 


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