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Re: [Archport] Alienar património é uma questão nova para os museus Público 2011-11-09 e archport 2011.11.10

Subject :   Re: [Archport] Alienar património é uma questão nova para os museus Público 2011-11-09 e archport 2011.11.10
From :   3raposos@sapo.pt
Date :   Thu, 10 Nov 2011 11:58:54 +0000

100% DE ACORDO !
Mas importa esclarecer que a notícia do Publico não dá rigorosamente conta do que foi a intervenção da Inês Brandão, a qual foi intelectualmente exigente e longe de tomar partido por um qualquer liberalismo ultramontano. Tenho grande apreço intelectual pela Inês e dou-lhe os parabéns. Ela apenas deu conta da experiência americana e anglo-saxónica em geral que lhe é familiar e pode ser reflectida nos restritos e exactos termos em que tem sido concebida e executada em alguns museus de referência, privados, mas altamente controlados pela chamada "sociedade civil" (coisa que pelas nossas bandas não passa de figura de retórica). A mesma Inês Brandão deu a conhecer casos extraordinários de aviltamento dos princípios anglo-saxónicos teoricamente merecedores de reflexão. Por exemplo, a venda ao desbarato em Itália de estações arqueológicas: uma villa romana por 40 mil euros ! Quer dizer, por um lado esta matéria não é exclusiva das colecções em museus; abarca todo o património. Por outro lado, bem sabemos qual a leitura que o espírito latino do desenrascanço e da corrupção fará desta porta, quando a aceitarmos abrir... Mais ainda: mesmo na óptica anglo-saxónica, este tipo de actuação coloca grandes objecções. Dando de barato que a venda de peças é posta exclusivamente ao serviço da aquisições de outras, tudo transparente e sufragado por quem o deve fazer (publico ou privado), a questão é que deste modo o museu passa a ser um agente de mercado, valorizando as "obras de arte" e os "artistas" muito melhor do que galerias comerciais. Ora, também isto já foi entendido por agentes empresariais mais "espertos", que criam os seus museus para assim valorizarem activos que renderão muito mais do que depósitos em bancos, para depois os alienaram, em fracções ou por atacado, quando lhes for mais conveniente. Enfim... o admirável Mundo Novo em que vivemos e nos espera, no qual alguns de nós nos sentimos cada vez mais como quixotes.
Luís Raposo


Citando VICTOR MANUEL DOS SANTOS GONCALVES <vsg@campus.ul.pt>:

Ocorre-me já que uma boa almofada para o défice seria a venda da Torre
de Belém e, já agora, para diversificar, da Custódia também de Belém.
E há por aí um políptico de uma marca de electrodomésticos, um tal de
Bosch, que era capaz de dar algum dinheiro para renovar a frota de
BMWs dos ministérios...
Ele há cada patusco!!
Cidadãos: às armas para defender o nosso património das loucuras do
neoliberalismo triunfante!!

Victor S. Gonçalves
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Prof. Victor S. Gonçalves
Centro de Arqueologia - Faculdade de Letras
P-1600-214 Lisboa, Portugal
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