Lista archport

Mensagem

[Archport] Felgar, perto do rio Sabor...

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Felgar, perto do rio Sabor...
From :   António Correia <avantecomuna@iol.pt>
Date :   Mon, 09 Jan 2012 22:54:04 +0000

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=38171

Foram encontrados mais de 20 esqueletos completos da era medieval na zona de Felgar, perto do Rio Sabor, local que integra a Barragem do Baixo Sabor, que está em construção. A situação está a preocupar a plataforma cívica de defesa do património local, que exige a trasladação dos esqueletos e medidas de compensação patrimonial pela EDP, responsável pela barragem.

A empresa confirmou ao SOL a descoberta dos esqueletos, adiantando, porém, que ainda estão a ser realizados estudos arqueológicos para determinar as suas características e época. Fonte oficial da EDP garantiu ainda que quando a investigação estiver concluída, os achados serão entregues às autoridades competentes do Estado: «Os vestígios de ossos humanos são considerados vestígios arqueológicos e são propriedade do Estado».

Além dos esqueletos, foram encontrados no povoado de Cilhades, onde antigamente se situava Felgar, várias peças do período romano, como moedas, peças de vestuário e utensílios desse período. Até serem entregues ao Estado, os achados «ficarão à guarda dos arqueólogos responsáveis, em condições de boa preservação», acrescentou a mesma fonte.

A EDP lembra ainda que existe um Plano de Salvaguarda do Património a ser desenvolvido desde o inicio da construção da barragem (Julho de 2008). «Nestes trabalhos, como era esperado têm-se encontrado diversos sítios arqueológicos, cujo valor científico e patrimonial não coloca em causa a construção do Baixo Sabor», esclarece.

Há três anos que profissionais do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) acompanham as escavações à procura de vestígios de outros tempos. «O conjunto etno-arqueológico de Cilhades integra três núcleos distintos », explicou ao SOL a subdirectora do IGESPAR e responsável pela área da arqueologia. Ana Catarina Sousa especifica: «há a aldeia de Cilhades, com ocupações desde a época romana; o sítio do Castelinho, um Castro da Idade do Ferro; e a necrópole do Laranjal, com cronologia medieval».

Ana Catarina Sousa refere que «o IGESPAR está acompanhar o processo diariamente» e sublinha que «as medidas impostas pela Declaração de Impacto Ambiental estão a ser escrupulosamente cumpridas pelo promotor», a EDP. Após a conclusão dos trabalhos arqueológicos, o IGESPAR fará, acrescenta, «uma avaliação criteriosa dos vestígios identificados» e implementará medidas de minimização.

Queixa a Bruxelas

Estas medidas não são as únicas que a EDP tem de colocar em prática. Segundo Paulo Santos, da Comissão de Acompanhamento Ambiental na Barragem do Baixo Sabor, quase todos projectos de impacto ambiental das empresa «estão extremamente atrasados». O atraso na implementação de medidas de compensação foi considerado «extremamente grave» por se estar «já no terceiro ano de obra» da barragem, numa reunião que decorreu este mês de Dezembro entre aquela comissão e a EDP.

Paulo Santos diz que deveriam ter sido implementadas medidas de criação de habitats, para que os peixes, que até agora se reproduziam no Baixo Sabor, passassem a fazê-lo na Ribeira da Vilariça. «Mas, até agora, nem o plano para colocar em prática as medidas está feito», acusa.

Também a valorização de habitats nas ribeiras afluentes do Rio Sabor, através da construção de açudes que levassem a cegonha negra, em perigo de extinção, a nidificar, não tem sequer plano.

A plantação de árvores nas margens do Médio e Alto Sabor e do Rio Maçãs é outro dos projectos prometidos ainda na gaveta.

Finalmente, explica Paulo Santos, a EDP «já deveria ter criado no terreno o plano de protecção e valorização de habitats prioritários, gerindo as zonas circundantes do Baixo Sabor, para que as plantas não desapareçam». Na opinião do especialista, esta «é a medida mais importante e ainda nada foi feito».

Paulo Santos lamenta ainda que as medidas de minimização do impacto também continuem na gaveta. «Deveria ter sido minimizado o efeito de barreira, para os peixes conseguirem nidificar, e a desmatização já deveria ter sido iniciada. Mas nada», conclui. Por isso, se a EDP não tomar medidas «com urgência» será feita uma queixa ao Governo e à Comissão Europeia, adianta o responsável: «Bruxelas pode multar o Governo».

A EDP admite os atrasos na aprovação dos projectos. No caso da Ribeira da Vilariça, refere que «só funcionará aquando da constituição da albufeira de jusante que se prevê para Maio de 2013». Já em relação aos açudes para a nidificação da cegonha negra, a EDP explica que «os projectos de execução estão em reformulação» e promete iniciar a sua construção na Primavera. Quanto à valorização dos habitats prioritários, a empresa diz aguardar a aprovação da proposta já em Janeiro. A mesma data é apontada para o ínicio da desmatação e desarborização Também a queixa a Bruxelas não parece assustar a empresa: «A construção do aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor é acompanhada por uma Comissão de Acompanhamento Ambiental da Construção», que elabora relatórios depois enviados à Comissão Europeia. O problema é que é aquela comissão de acompanhamento que ameaça fazer queixa a Bruxelas.

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=38171


--
Saúde e fraternidade,
António Correia
 facebook:

http://pt-pt.facebook.com/people/Antonio-Correia/100001002237842
 

Mensagem anterior por data: [Archport] Centavo insólito! Próxima mensagem por data: [Archport] Sensibilidade para o património arquológico em 24 de Abril de 1930
Mensagem anterior por assunto: [Archport] Feira patrimonio.pt Millennium bcp | 18, 19 e 20 Outubro 2013 | Museu de Arte Popular Próxima mensagem por assunto: [Archport] Feliz dia de S. Damaso