[Archport] Obrigado, senhor arsénico
Meu Caro Senhor Asdrúbal e Arsénico, curiosos nomes, que de si lhe
fazem cartão de visita,
Não lhe respondo para reparar os insultos. Não lhe dou esse prazer.
Respondo-lhe somente para reforçar os seus argumentos. Quanto ao antes
de 1974 faltou-lhe dizer que para além de colaborador do suplemento
juvenil da "Época" escrevi também redações e fiz desenhos para o
suplemento infantil do "Diário de Notícias" e publiquei alguns artigos
no "Diário de Lisboa". Ah, agora me lembro, ajudei também a fundar um
Centro Piloto de Arqueologia no Liceu, integrado no Secretariado da
Juventude, uma espécie de sucedâneo da Mocidade Portuguesa, no tempo
do marcelismo (e ainda hoje dele guardo boas recordações e amigos,
veja lá).
Quanto ao depois de 1974, foi uma injustiça esquecer o CDS-PP. É que
tenho relações de grande cordialidade, e mesmo amizade, com alguns dos
seus dirigentes. Até com o Dr. Paulo Portas já me reuni, na sede do
Partido, no Caldas.
Só desejaria corrigi-lo num ponto: em dezasseis anos de direção do MNA
nunca participei em nenhum congresso, em Portugal ou no estrangeiro,
com ajudas de custo ou viagens pagas pelo Museu. Guardei sempre esses
magros recursos para outras atividades do Museu. Aliás, se quiser
encontrar-me num congresso para eu lhe dar mais em que pensar, vá ter
comigo para a semana à Universidade Livre de Bruxelas, onde foi
selecionada uma comunicação minha para o Encontro do "European
National Museums". Intitulei-a, "Ancestralidade e Desilusões do
Presente: o Museu Etnográfico Português / Museu Nacional de
Arqueologia, desde finais do século passado aos tempos atuais". Ah,
mas tem de pagar a sua viagem e estadia, tal como eu pago as minhas.
Quanto ao resto, obrigado pelo seu vómito. É sempre bom saber que
existem asdrúbais e que até se podem chamar arsénicos.
Luís Raposo