[Archport] Arqueologia naval ibérica: embarcações e quotidianos (séculos XVI-XVIII)
Escola de Verão FCSH-UNLArqueologia naval ibérica: embarcações e quotidianos (séculos XVI-XVIII)25 a 29 de julho, das 10H00 às 16H00
Objectivosa) Saber identificar as características mais marcantes da denominada construção naval ibero-atlântico da Idade Moderna;
b) Saber inserir a construção naval ibérica nas duas grandes tradições navais europeias, a mediterrânica e a norte-europeia
c) Saber identificar, no terreno, os fósseis-directores mais identificativos da construção ibero-atlântica;
d) Saber identificar as práticas de construção náutica e de tradição naval comuns a ambos os países ibéricos;
e) Saber conciliar criticamente as fontes documentais com as materialidades presentes no registo arqueológico;
f) Conhecer que elementos da cultura material seguiam a bordo das embarcações ibéricas;
g) Reconhecer colecções de materiais cerâmicos, vítreos, metálicos, marfins e osso que seguiam a bordo das embarcações ibéricas não apenas com base em contextos arqueológicos, mas igualmente através de informações documentais.
Programa EspecíficoDurante o período das Descobertas, Portugal continental e as ilhas dos Açores e da Madeira funcionaram como uma autêntica placa giratória mundial para as embarcações ibéricas que regularmente cruzavam os oceanos nas rotas de torna-viagem do Oriente e das Américas.
Este aumento de tráfego náutico implicou um correspondente incremento no número de naufrágios e afundamentos de navios portugueses e espanhóis – navios esses que, têm obviamente um interesse relevante para a permanência da identidade da cultura ibérica através do tempo, integrando de forma indiscutível o património cultural destas duas nações.
Paradoxalmente, localizaram-se e recuperaram-se já mais embarcações da Antiguidade Clássica que ibéricas dos séculos XV a XVII.
Há, assim, uma ausência quase que total de dados concretos - documentais, iconográficos e arqueológicos - relativos a muitos tipos de embarcações ibéricas, das quais não existe amiúde muito mais que a sua denominação.
Assim, baseado exclusivamente em exemplos concretos de trabalhos arqueológicos desenvolvidos em navios ibéricos naufragados nos mais variados países e continentes, este Curso pretende fazer um ponto da situação relativamente a estes vestígios náuticos que, corporizando um recurso cultural estratégico não renovável da maior importância, detêm igualmente a capacidade de vir a fornecer respostas às questões que hodiernamente se levantam no que concerne à evolução do desenho e da construção naval em madeira, às práticas náuticas e aos circuitos de comércio e guerra naval pós-medievais de Portugal e Espanha.
Paralelamente será abordada a cultura material a bordo destes navios nomeadamente as suas cargas cerâmicas, de vidros, metais ossos e marfins possibilitando a compreensão dos quotidianos a bordo através da utensilagem diária e das cargas destinadas ao trato nacional e internacional.
Bibliografia
GOMES, M.V., CASIMIRO, T.M. e GONÇALVES, J. (2012) – Espólio do naufrágio da Ponta do Leme Velho – Ilha do Sal, Cabo Verde, Lisboa: Instituto de Arqueologia e Paleociências das Universidades Nova de Lisboa e do Algarve.
MELLO, U. P. de (1979) – The Shipwreck of the Galleon Sacramento – 1668 off Brazil. IJNA. 8:3, pp. 211-223
CASTRO, Filipe (2005) The Pepper wreck: a portuguese Indiaman at the mouth of the Tagus river. College Station: Texas A&M University Press.
DOMINGUES, Francisco Contente (2004) Os navios do Mar Oceano: teoria e empiria na arquitectura naval portuguesa dos séculos XVI e XVII. Lisboa: Centro de História da Universidade de Lisboa.
ALVES, Francisco, ed. (2001) Proceedings of the International Symposium on Archaeology of Medieval and Modern Ships of Iberian-Atlantic Tradition – Hull Remains, Manuscripts and Ethnographic Sources: A Comparative Approach. Trabalhos de Arqueologia, 18: 4. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia.
Creditação para professores do Ensino Básico e Secundário, a aguardar
Tânia Manuel Casimiro formou-se em 2004 em História, Variante de Arqueologia, pela FCSH-UNL e em 2005 em Artefact Studies na University College of London. Tendo terminando o doutoramento em 2011 é actualmente Doutorada Integrada no Instituto de Arqueologia e Paleociências e bolseira de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. A sua grande área de especialização é a cerâmica de época moderna e, em especial, a sua distribuição mundial. Participa em projectos de investigação internacionais, nomeadamente em Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, Brasil e Cabo Verde, de entre outros países.
Alexandre Monteiro é arqueólogo náutico. Doutorando em História pela Universidade Nova de Lisboa, é ainda docente convidado das cadeiras de Projecto em Arqueologia Marítima e de Arqueologia Náutica Marítima e Fluvial (licenciaturas na FCSH/UNL). Nos Açores, organizou de raiz a Carta Arqueológica Subaquática daquele arquipélago, tendo localizado, prospectado ou escavado 9 naufrágios históricos. É autor ou co-autor de quase 30 artigos científicos e de mais de uma centena de textos de divulgação ao grande público. Actualmente, é o arqueólogo responsável pelo Projecto de Grândola Subaquática, tendo ainda projectos de investigação a decorrer na Austrália, na Namíbia e nas Caraíbas.