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[Archport] Túbal te fez - arqueologia, identidade e cultura periférica (José Luís Neto)

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Túbal te fez - arqueologia, identidade e cultura periférica (José Luís Neto)
From :   António Correia <avantecomuna@iol.pt>
Date :   Mon, 16 Apr 2012 20:58:13 +0100

Lançamento em Setúbal «Túbal te fez - arqueologia, identidade e cultura periférica» de José Luís Neto

Na próxima 5.a feira, dia 19 de Abril, pelas 18:30h, no MAEDS, em Setúbal, vai efectuar-se o lançamento de "Túbal te fez - arqueologia, identidade e cultura periférica", de José Luís Neto, com prefácio de Fernando Dacosta, numa edição Prima Prima Folia - Cooperativa Cultural, CRL. N 5.a feira, 18:30h, no MAEDS, lançamento de "Túbal te fez - arqueologia, identidade e cultura periférica" de José Luís Neto, prefácio de Fernando Dacosta, edição Prima Folia - Cooperativa Cultural, CRL.

Cidade matricial

Na linha dos grandes poetas («a inexistência da memória esvazia o futuro», avisava Natália Correia), os grandes arqueólogos lembram que «sem o saber retrospectivo a sociedade não pode projectar o seu desenvolvimento».
Talvez por isso, pela densidade identitária que nos caracteriza, Portugal seja «o país com mais museus por habitante de toda a Europa». O que leva Manoel de Oliveira a observar que o número de visitantes dos museus suplanta, entre nós, o de espectadores de cinema e de futebol.
Fenómeno tanto mais surpreendente quanto mais generalizada se revela a inoperância ante eles (memória, arqueologia, museus) dos poderes políticos, económicos, religiosos, informativos, institucionais dominantes.

Referência fascinante

Logo no início, este livro detém-se, a propósito, na advertência de que «a narração mais arcaica da criação de Setúbal advém de um cronista real espanhol quinhentista, Ambrósio de Morales».
Pela estrutura ensaística, escrita literária, investigação histórica, rigor conceptual, encadeamento sociológico, comunicabilidade narrativa, o trabalho de José Luís Neto, o autor, afirma-se uma referência, fascinante e irrecusável, no seu género.

Lugar de Túbal

Fascinante e irrecusável se torna, com efeito, sabermos por ele que «Túbal, neto de Noé», se deteve «na foz do rio Sado onde fundou o segundo núcleo urbano peninsular», denominado «Set Túbal, Lugar de Túbal».
Para diversos estudiosos, Setúbal tornou-se, por via disso, «a cidade matricial da civilização ibérica».
A chamada «ocupação humana contínua» da zona «remonta ao Bronze Final, provavelmente à Idade do Ferro», lembra o investigador. Que sublinha: «O crescimento de Setúbal é rápido, tal como a construção de Tróia».

Dimensões explosivas

Muito significativa revelar-se-á, depois, a observação de que o distrito impôs-se como «o mais reivindicativo do país», onde «as lutas sociais sadinas» adquiriram por vezes, desde o século XIX ao actual, «dimensões explosivas» devido aos «monolitismos económicos» dominantes – caso dos da exploração de sal, da indústria conserveira, da montagem de automóveis, da manufactura de cimentos, etc. A esses monolitismos se deve, consequentemente, a precariedade laboral registada nos «dois últimos milénios».

Períodos áureos

A afirmação económica da região, plasmada nos seus dois períodos áureos – o do sal (a idade do ouro branco) dominado pelo clero e nobreza, e o das conservas explorado pela alta e média burguesia –, encontra-se traduzida em patrimónios riquíssimos, patrimónios edificados como os conventos de Jesus, dos Paulistas, da Arrábida, de Nossa Senhora de Alferrara, e patrimónios humanos incarnados pelos, entre outros, poeta António Maria du Bocage, cantora Luísa Todi, historiador Manuel Maria Portela, escritora Ana de Castro Osório, nomes angulares da cultura portuguesa.
Setúbal chegou, aliás, a situar-se, em épocas prósperas, devido à abundância e cosmopolitismo da sua vida, entre as três primeiras cidades do país.

Pujanças insuspeitas

José Luís Neto é um desses seres que sabe transformar o tempo e o espaço que lhe cabem. Conhecedor das pessoas e da cultura, dos sentimentos e da história, cedo se destacou na arqueologia do meio que o envolveu e absorveu.
"Túbal te Fez - Arqueologia, Identidade e Cultura Periférica", seu último ensaio, recupera (numa altura em que muitos se lhes alhearam) valores de testemunhos enraízadores, resgatando-lhes a condição de matrizes do conhecimento.
A sua obra fica-nos, na senda de trabalhos anteriores, como um sublinhado na especificidade da cultura nacional.
Lê-la devagar é imergir num universo de significados intensos que ganham pujanças insuspeitas, rarefeitas.
O científico (no sentido de factual), o narrativo (no sentido de religador), o poético (no sentido de profético), o cúmplice (no sentido de partilhável) atingem na palavra, no imaginário do autor respiração e significado invulgares.
Simultaneamente sintética e analítica, erudita e popular, incisiva e subtil, envolvente e distanciada, a sua escrita imerge em elipses incomuns, conduzida por linhas que desoculta para melhor se ocultar.
A Setúbal deste livro constitui para muitos que nasceram nela (ou optaram por ela) um fresco de harmonias a espraiar, a comungar.

Caminhos próprios

Herdeiro de linhas riquíssimas da nossa identidade, José Luís Neto soube afirmar-se pela sua pesquisa ondulante, pela subtileza da sua posição, um interventor irrecusável. "Túbal te Fez - Arqueologia, Identidade e Cultura Periférica" é uma afirmação expressiva disso.
Sem reservas, sem redes, ele abre aos outros caminhos próprios afirmando solidariedades, disponibilidades incomuns.

Um sedutor

A ousadia, a coerência, a lucidez tornaram-se-lhe balizas inamovíveis. Hoje é um espírito de muitos saberes, de muitos convívios, de muitas peregrinações, de muitas interioridades, percebendo que mais importante do que agredir os outros é perturbar os outros, maneira de modificá-los, melhorá-los.
Por isso ele afirma-se um perturbador, um inovador – um sedutor.
Fernando Dacosta in Rostos online
Saúde e fraternidade,
António Correia
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