Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha. Bernardo Soares, Livro do Desassossego
Este texto foi escrito em reação à reforma linguística de 1911.
De todas as diferenças ortográficas que notamos, apenas uma é devida ao recente acordo: direto perdeu a consoante muda. Todas as outras palavras foram então mudadas e já ninguém parece querer voltar à orthographia pessoana.
Nestas coisas do acordo faço minhas as palavras do angolano Pepetela: "Estou um bocado farto do acordo. Eu sou contra este acordo, mas sou ainda mais contra os que estão contra"
(As duas citações foram retiradas de uma interessante e informativa apresentação da autoria de Luís Aguilar disponível em http://www.teiaportuguesa.com/acordoortografico.ppt)
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