Caros Colegas Arqueólogos:
Nunca me escondi por detrás de ninguém ou utilizei qualquer pseudónimo para dizer o que pensava, defender princípios em que creio e a cidadania. Todavia, a existência de um “aluno preocupado” não me surpreende, devido ao tempo em que vivemos, nomeadamente quando o diálogo é substituído pelo autoritarismo. Não sou adepto de teorias conspiratórias, embora não deixe de, liminarmente, colocar a hipótese de o “aluno preocupado” não ser senão um ou mais provocadores, ansiosos de reacções para que possam expressar-se e/ou exercer represálias. Já caí recentemente em uma de tais artimanhas, urdida por colega, chamemos-lhe assim, que desse modo obteve a promessa para abertura de um concurso, tendo em vista ingressar no quadro universitário. Mas seja conforme for, não deixarei, para que todos possam avaliar por si, as razões que me movem ao tentar defender a dignidade dos arqueólogos, quando questiono a ausência de doutorados em Arqueologia ou em História Especialidade de Arqueologia ou a sua representação minoritária, nos júris do Curso de Doutoramento em Arqueologia e nos concursos para provimento de Professores Auxiliares de Arqueologia, na FCSH. Tal conduziu à minha exoneração e à da Doutora Rosa Varela Gomes, respectivamente dos cargos de coordenadores do 2º ciclo e do 1º ciclo do Curso de Arqueologia, por proposta do Coordenador Executivo do Departamento de História, apesar da ausência, em nosso entender e não só, de fundamentos legais. Nunca tive, com aquele Professor, qualquer problema de carácter pessoal, ao contrário dele para comigo, conforme registou o “aluno preocupado” e, até dada a minha formação, sempre julguei imprescindível a existência de pontes entre a Arqueologia e as outras ciências, pelo que considero aceitável a participação em júris de professores ou especialistas de outras áreas, mas nunca em maioria, conforme a legislação impede. Para que se
possa avaliar, correctamente, o teor do sucedido, seguem os factos:
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A maioria não são doutores em Arqueologia. Júri para Concurso de Professor Auxiliar de Arqueologia
(Arqueologia Medieval) da FCSH (D.R., 2ª série, nº 20, p. 3450) Presid.: José
Esteves Pereira (Vice-Reitor) António Malpica Cuello – Doutor em História Medieval; Juan Antonio Q. Castillo – Doutor em História; Armando C. F. da Silva – Doutor em Arqueologia; João Paulo Costa – Doutor em História Moderna; Amélia Aguiar Andrade – Doutora em História Medieval. (1 Doutor em Arqueologia) Presid.: José
Esteves Pereira (Vice-Reitor) António Malpica Cuello – Doutor em História Medieval; Avelino F. Menezes – Doutor em História Moderna e Contemporânea; Rui Carita Silvestre – Doutor em História Moderna; João Paulo Costa – Doutor em História Moderna; Francisca Contente Domingues – Doutor em História Moderna; Pedro Almeida Cardim – Doutor em História Moderna. (nenhum Doutor em Arqueologia) É perante os
dados apresentados que importa colocarmos as seguintes questões: Queremos ser avaliados e dirigidos, nos contextos académicos e profissionais, por historiadores? Isto não representará um grave precedente? Não serão os arqueólogos que devem traçar o seu próprio destino? Será que vamos trocar a nossa dignidade por um prato de lentilhas, como alguns agora fazem, aceitando o ocorrido? Saudações Arqueológicas, Mário Varela Gomes |
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