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ASSUNTO: ARTE RUPESTRE NOS AÇORES: O Mito e a ausência de Prova
Recentes notícias que afloram os achados rupestres na Ilha Terceira, nos Açores, divulgados recentemente pela Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA), e arqueólogo Nuno Ribeiro, o CEAM-Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea, que tem desenvolvido a investigação arqueológica naquele arquipélago nos últimos emite a seguinte opinião:
1. Sabendo de antemão que a ausência de prova não constitui a prova de uma ausência o CEAM considera extemporâneas as afirmações baseadas em dados observáveis, sem estudos rigorosos e com o auxílio das ferramentas metodológicas ao serviço da ciência, e que podem ser explicados com paralelos etnográficos estendidos às outras ilhas do Atlântico, nomeadamente à Madeira, povoada também no século XV.
2. Exemplares de inscrições na pedra, estruturas em pedra – do tipo “monumentos megalíticos” – são presenças comuns aos arquipélagos da Madeira e Açores, pois como é do conhecimento histórico e etnológico, as populações que povoaram as ilhas vieram do Continente português, e ali recriaram modos de vida adaptados aos recursos locais.
3. Por isso, as inscrições e as estruturas escavadas na rocha são muito comuns na paisagem humanizada nos arquipélagos: e têm basicamente interpretações que conferem um uso utilitário ao trabalho do campo, não esquecendo, todavia, que a maior parte das formações geológicas açorianas são anormalmente recentes (algumas da nossa Era), e daí a necessidade de aferir e contextualizar os ditos vestígios.
4. Por último, sucede que as notícias que fazem referência aos “artigos científicos” já publicados e às “comunicações em congressos internacionais de arqueologia”, não coincidem com a leitura do único escasso documento existente acerca desse achados, concluindo-se haver um excessivo sensacionalismo e pouco rigor na análise de estruturas que existem noutras ilhas do atlântico humanizadas no século XV.
Com os melhores cumprimentos
Élvio Duarte Martins Sousa
Doutor em História e Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Letras/Investigador do CHAM-Centro de História de Além-Mar, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
João Lizardo
Mestrando em Arqueologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e especialista em estruturas escavadas na rocha.
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Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea (CEAM)
Estrada Padre Alfredo Vieira de Freitas, n.º 101, 9100-070, Gaula, Santa Cruz - Madeira, Portugal
Telefone: (00351) 291 526581
Fax: (00351) 291 526581
Site: www.ceam.pt
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