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Re: [Archport] Os Açores

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Os Açores
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Mon, 10 Sep 2012 18:42:31 +0100




Independentemente do sururu inicial que, lembre-se, surgiu pela ocorrência da inversão daquilo que é o  “normal” numa investigação científica – ou seja, em que primeiro se investiga/teoriza, depois se coligem dados, depois analisam-se esses mesmos dados e depois se rejeita ou se mantém, no entretanto, válida a teoria gizada, publicando-se então artigos nas revistas da especialidade para validação pelos nossos pares e só depois, muito depois, se faz passar essa teoria para o público em geral, nomeadamente através dos órgãos de comunicação social – este caso não deixa de ser fascinante.

 

Em primeiro lugar, porque se prova (mais uma vez) que (alguma) arqueologia mesmeriza a sociedade e  que esta, em geral, se move de acordo com regras e prioridades que não são, necessariamente, as de quem “trabalha” o património cultural arqueológico, por incumbência profissional ou académica.

 

Em segundo lugar, porque estas “arqueologias alternativas” (eu não lhe chamaria “clandestinas”...) quando surgem, surgem geralmente baseadas em profissões de fé, baseando-se estas em “palpites” ou em outras formas, mais ou menos esotéricas, de “achismos”. Sugiro a leitura atenta deste texto, da Tera Pruitt, “Contextualising Alternative Archaeology: Socio-Politics and Approaches” sobre as “pirâmides bósnias”, que ilustra bem o que quero dizer:

 

http://irna.lautre.net/IMG/pdf/PruittARC_24-1FINALFORAUTHS.pdf

 

Finalmente, e a concluir, há aqui duas realidades distintas:

 

1)      A dos factos – sim, há construções ou escavações em pedra no interior da ilha ou no tufo vulcânico no Monte Brasil. Ninguém o nega.

 

2)      A da interpretação desse factos – assim de repente, e baseado apenas na documentação histórica relativa à Terceira que tenho estudado desde 1995 até ao presente, eu diria que essas estruturas podem ser perfeitamente explicadas em termos de contextos modernos de apoio à agricultura, de aproveitamento hidríco ou de refúgio das populações em tempos de homiziação ou de fuga (guerra e guerrilha, vidé ocupação espanhola, lutas liberais, etc.). Parece-me espúrio não se esgotarem estas teorias e lançar-se desde logo - repito, sem quaisquer provas factuais (onde estão os enterramentos, os espólios associados aos “hipogeus”, os paralelos??)  - os Fenícios como seus construtores, indo-se buscar em socorro histórias da carochinha tão infundamentadas como as das moedas fenícias ou a da estátua do Corvo, e que são tão verosímeis como as das mulheres-sereia que o Damião de Góis dizia, em 1554, terem sido pescadas em Portugal em tempos de D. Afonso III. Há, também, um problema de credibilidade aqui – e sim, há uma distinção entre licenciados em Arqueologia e Arqueólogos. A julgar pelos dois “artigos” que lia da APIA  sobre esta temática, está aqui em causa a credibilidade científica dos autores - quem são? Que obra produziram? Que curriculo têm?

Mutatis mutandis, é como se Portugal quisesse colaborar na procura do bosão de Higgs - quem deveria o país enviar ao CERN? O físico Félix Rodrigues ou a taróloga Maya?

 

 

 

 

 

 

 

 

From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of José d'Encarnação
Sent: 10 September 2012 16:45
To: archport
Subject: [Archport] Os Açores

 

________________________________

De: Antonieta Costa [mailto:antonieta_c@hotmail.com]
Enviada em: segunda-feira, 10 de Setembro de 2012 15:51
Para: undisclosed-recipients:
Assunto:

 

Solicitando a publicação do artigo em anexo
Apresento cordiais cumprimentos
Antonieta Costa

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