Cultura em alerta vermelho
O pedido de demissão de Francisco José Viegas da pasta da Cultura estava há
três meses em cima da mesa. O desalento pela inércia a que o orçamento da
Secretaria de Estado da Cultura o obrigava encontrava num estado de saúde
debilitado o álibi perfeito para abandonar o cargo. A sua saída tinha tudo para
ser pacífica, mas a sua substituição por Jorge Barreto Xavier – diretor do
Instituto das Artes do Governo de Sócrates entre 2008 e 2010 – anunciada
quinta-feira, deu lugar a um motim no seio dos organismos tutelados pela SEC.
Internamente, a convicção é de que os pedidos de demissão “terão um efeito em
dominó”, diz fonte do gabinete da Cultura. E chegarão de todas as frentes, a
começar pelos responsáveis por institutos fulcrais, como a Direção-Geral do
Património Cultural, Direção-Geral das Artes, Direções Regionais de Cultura,
passando por cargos administrativos que hoje gerem teatros nacionais. A forma
“muito pouco curial” com que Viegas e a sua equipa foram chamados de supetão à
Ajuda, a meio da noite de quinta-feira, para “arrumar a tralha”, foi mais uma
acha para a fogueira.
ALEXANDRA CARITA
Expresso, 27 de Outubro de 201