Re: [Archport] Caça ao tesouro e Património Subaquático em Moçambique

[Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>]

Obrigado, Miguel.

Quanto ao que aqui nos traz, não se trata de qualquer tipo de difamação. Falamos é de coisas diferentes, ou se quiser, temos diferentes pontos de vista: vocês dizem que fazem arqueologia; eu digo que vocês fazem caça ao tesouro.

E não sou só eu que o digo. Relativamente ao caso de Moçambique, trago à colação um artigo do Ricardo Teixeira Duarte, publicado recentemente no Journal of Maritime Archaeology (uma revista científica, em sistema de peer-review, e que anexo) e sobre o qual diz o editorial:

"Another mitigation aspect considered in this special issue is the present situation of

Mozambique and past situation of South Africa. Ricardo Duarte’s paper highlights the

damage that has been recently caused by a for-profit salvage company in Mozambique

(which is still taking place as this issue goes to press), and calls for mitigating this

defacement. Jonathan Sharfman, Jaco Boshoff, and Robert Parthesius’ paper outlines the

effect treasure hunters have had on the public perception of the discipline of maritime

archaeology and their influence on national heritage legislation in South Africa. Although

not mitigation as commonly interpreted, the results of these salvage interventions are

clearly as destructive as oil prospection or coastal zone development and perhaps even

more so, as artefacts have been removed from informative contexts and sold at auction by

the responsible parties or are in private collections. The UNESCO 2001 Convention

explicitly ‘‘refuses commercial recoveries’’, stating it to be ‘‘fundamentally incompatible

with protection and proper management’’—Rule 2 of the Annex of the Convention

(Gue´rin and Egger 2010:99; see also De Cunzo et al. 2008). This incompatibility is

certainly demonstrable in Mozambique, where proper archaeological research has been

stopped due to the salvager’s actions, and in South Africa, where treasure hunters have

lobbied the government to ignore calls from archaeologists for protection of shipwrecks.

The governments of both Mozambique and South Africa have not yet ratified the 2001

Convention."

Em 15 de novembro de 2012 02:06, Miguel Gomes da Costa <projects@aww.pt> escreveu:

Em resposta à postagem de Alexandre Monteiro no passado dia 7 de Novembro 2012, temos a acrescentar os seguintes comentários:

Sobre o nosso trabalho em Cabo Verde entre 1995-2001, sugerimos que os interessados visitem o nosso website (http://aww.pt), podendo sempre contactar directamente o autor do livro "Cabo Verde na Rota dos Naufrágios"  Emanuel Charles d'Oliveira para um esclarecimento cabal sobre as nossas actividades arqueológicas no arquipélago. Quem assim o entender, pode-o fazer através do seguinte endereço electrónico: ecoliveiracv@yahoo.com.

Quanto ao canal de comunicação que Alexandre Monteiro agora afirma aberto, gostávamos de salientar que sempre estivemos disponíveis e receptivos de, nos canais próprios e adequados, colaborar e responder a qualquer assunto respeitante à nossa actividade e à temática geral da protecção do património cultural submerso. Infelizmente, certos segmentos extremados do mundo académico têm evitado esse diálogo e, mais uma vez, lamentamos que só depois do ataque difamatório cerrado a que fomos sujeitos tanto na entrevista de Alexandre Monteiro e Ricardo Teixeira Duarte no programa Cientifica Mente na RDP África, como na sua comunicação ao Congresso Internacional Saber Tropical em Moçambique: História, Memória e Ciência, se lembre de vir fazer solicitações e aproveitar um canal de comunicação que sempre esteve disponível.

Sobre a bibliografia da pesquisa histórica realizada em relação à identificação da embarcação até então referenciada como o Naufrágio do Forte de S. Sebastião, é a seguinte:

(1) Livro de Lisuarte de Abreu, 1992 [1558], CNCDP

(2) Santa Maria da Barca, Giulia Lanciani, 1983, IN/CM

(3) Roteiros portugueses inéditos da Carreira da Índia do século XVI, A. Fontoura da Costa, 1940

Seguindo uma política de total transparência, estamos sempre disponíveis para responder a questões técnicas referentes ao nosso trabalho arqueológico.

Com os nossos cumprimentos,
Miguel Gomes da Costa

Arqueonautas Worldwide - Arqueologia Subaquática SA
Portugal
Tel. (office) +351.214 663 040
Tel. (cel.) +351.932 965 412
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